Athletico-PR define novo CEO, em meio a rumores de possível venda da SAF

Alex Leitão Orlando City

Alexandre Leitão foi CEO do Orlando City por sete anos - Reprodução / Instagram (@orlandocitysc)

A semana começou agitada no Athletico-PR, com a notícia de que o clube definiu seu novo CEO. Com experiência em grandes empresas como Ambev e Octagon, Alexandre Leitão foi o nome escolhido para estar à frente do time paranaense.

A chegada do novo executivo ocorre em meio a fortes rumores sobre a possível venda de parte da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) do Furacão a investidores.

De acordo com a informação divulgada pela jornalista Monique Vilela, Mario Celso Petraglia, presidente do clube, estaria com viagem marcada para os Estados Unidos, com o objetivo de costurar o acordo para vender 40% da SAF, pela quantia de US$ 600 milhões (o equivalente a R$ 2,963 bilhões, na cotação atual).

O modelo de SAF adotado pelo Athletico-PR não prevê, inicialmente, a entrega do controle de seu capital a investidores externos. A ideia original é de que o clube continue a controlar pelo menos 50% das ações, mantendo poder de veto sobre mudanças radicais como símbolos, nome, cidade ou cores da camisa. Por enquanto, não foi feito qualquer anúncio oficial sobre a ida de Alexandre Leitão para o time rubro-negro.

Em sua conta no LinkedIn, o futuro executivo ainda se apresenta como consultor autônomo na área esportiva. Seu último vínculo profissional foi com o Orlando City, clube que disputa a MLS, nos Estados Unidos, onde Leitão permaneceu por quase sete anos, exercendo justamente o cargo de CEO.

A notícia da vinda de Alexandre Leitão fez muita gente sonhar alto em relação ao futuro do Athletico-PR, com alguns chegando inclusive a cravar que sua contratação seria parte do enredo que culminaria com a compra de parte da SAF do clube brasileiro por Zygi Wilf, acionista majoritário do Orlando City e proprietário do Minnesota Vikings, time que disputa a NFL.

Preparando o caminho

A Máquina do Esporte apurou nos bastidores que esse enredo é bem mais complexo do que aparenta. No passado, é fato que o Orlando City chegou a possuir parceria com o Athletico-PR, inclusive na formação de jogadores nas categorias de base.

A equipe da Flórida, então controlada pelo brasileiro Flávio Augusto da Silva, também buscou inspiração no clube paranaense para se estruturar em diversas áreas. Portanto, a opção de Petraglia por Alexandre Leitão pode ser fruto da relação surgida na época em que os dois times tinham essa parceria.

Mas quando a família Wilf comprou o time de Orlando, em 2021, esse vínculo com o time rubro-negro já havia sido encerrado. Em julho daquele mesmo ano, Alexandre Leitão deixou o cargo de CEO, passando a atuar como conselheiro, função em que permaneceu até março de 2022.

Não fica claro, portanto, como a vinda do executivo poderia ser parte de uma eventual negociação para a venda da SAF do Athletico-PR a esse grupo específico, sendo que o próprio profissional não possui vínculo com os atuais investidores do Orlando City há mais de um ano e meio.

Vale lembrar que a eventual negociação da SAF seria um processo complexo e demorado para se concretizar, já que dependeria do aval de sócios e conselheiros. A venda do Orlando City, por exemplo, que era na prática uma troca de donos (mais simples de se resolver), demorou um ano para ser concretizada.

Outro ponto a ser considerado é que, apesar de ser o sócio majoritário do Orlando City, Zygi Wilf já não comanda pessoalmente os rumos do time e dos demais investimentos da família na área esportiva. Hoje, esse papel decisivo é desempenhado por seu irmão mais novo, Mark Wilf, que, inclusive, é presidente da equipe da Flórida.

Se hoje não é possível cravar que a negociação sairá nas próximas semanas (ou meses) nem que o eventual investidor do Athletico-PR será algum Wilf, a vinda de Alexandre Leitão pode, de fato, servir para preparar o caminho para uma futura negociação com algum grande grupo dos Estados Unidos.

O profissional tem ótimo trânsito junto aos grupos norte-americanos que atuam na área esportiva. Atualmente, essas empresas têm buscado expandir sua atuação global. Prova disso é que, atualmente, investidores dos Estados Unidos controlam nada menos que 60 times que atuam em campeonatos de primeira divisão da Europa.

Manter legado

Nos bastidores, a escolha de Alexandre Leitão como novo CEO do Athletico-PR é vista como uma tentativa do presidente Mario Celso Petraglia de preservar o legado construído à frente do clube. O dirigente de 79 anos de idade está em seu quinto mandato, mas recentemente passou vários meses afastado de suas funções, recuperando-se de uma cirurgia no abdômen, realizada em abril deste ano.

O currículo de Leitão dá indícios de que ele seria a pessoa certa para dar sequência ao trabalho de Petraglia. Além de ter ótimo trânsito com investidores, ele também possui facilidade de diálogo com torcedores e com as entidades esportivas.

Sua boa relação com a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), por exemplo, foi construída nos tempos em que ele atuava na Ambev, de 1994 a 2003, sendo responsável por cuidar pessoalmente dos patrocínios à seleção brasileira.

Sua reputação no meio esportivo seguiu forte, sobretudo depois de assumir a presidência da Octagon Brasil, em 2010, permanecendo até dezembro de 2014, de onde saiu para se tornar CEO do Orlando City.

A experiência adquirida durante esses sete anos atuando na MLS fez com que Leitão fosse sondado tanto pela Liga do Futebol Brasileiro (Libra) como pela Liga Forte União (LFU), antiga Liga Forte Futebol (LFF), para assumir um cargo executivo.

A tendência é que ele mantenha um bom diálogo com clubes membros dos dois grupos que disputam a hegemonia no processo de criação de uma possível liga profissional de futebol no Brasil.

Na noite desta segunda-feira (11), o clube comunicou que Petraglia foi mais uma vez reeleito como presidente de seu conselho administrativo, com mandato que terá duração até 2027. O Athletico-PR também oficializou a saída de Alexandre Mattos do cargo de CEO de negócios de futebol e áreas nacional e internacional. O dirigente fechou com a 777 Partners para assumir um cargo similar no Vasco.

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