Atlético-MG reduz dívida para R$ 1,3 bilhão, mas juros ainda custam quase R$ 130 milhões anuais

Parte da dívida do clube diz respeito ao dinheiro captado para a construção da Arena MRV - Reprodução / Instagram (@atletico)

Equacionar as dívidas do Atlético-MG tem sido uma das principais preocupações do grupo que assumiu a Sociedade Anônima do Futebol (SAF) do clube.

Em entrevista exclusiva a Erich Beting, CEO da Máquina do Esporte, o CEO da SAF do Atlético-MG, Bruno Muzzi, explicou como tem sido a estratégia do Galo para lidar com essa questão.

De acordo com ele, no momento em que a negociação da SAF foi concluída, a dívida do Atlético-MG estava em torno de R$ 2,1 bilhões. No fim do ano passado, 75% do capital da Sociedade Anônima foi vendido para a Galo Holding, sociedade formada pela família Menin, Ricardo Guimarães, o Fundo de Investimento do Galo (Figa), ancorado por Renato Salvador, e o FIP Master, capitaneado por Daniel Vorcaro.

“Tivemos um aporte de R$ 916 milhões, dos quais, na verdade, entraram R$ 821 milhões, porque o Figa ainda não foi completo. Dessa forma, na hora em que fechamos o balanço, a dívida em 2023 ficou em R$ 1,3 bilhão”, explicou.

O Relatório de Gestão, divulgado nesta semana, informou que a Galo Holding assumiu 75% das ações e 100% das dívidas do Atlético-MG. Com isso, a associação, que detém 25% do capital da SAF, hoje não possui dívidas.

Para equacionar a dívida restante, que ainda é bilionária, a gestão da SAF separou o fluxo de caixa do Atlético-MG em três: operacional, investimentos e financiamentos.

O primeiro item diz respeito às receitas recorrentes do clube e inclui dinheiro da venda de atletas, bilheteria e licenciamentos. Segundo Muzzi, por vários anos esse fluxo tem ficado negativo, mas a meta é que, em 2024, ele termine com índices positivos.

“É fácil fazer isso em 2024? Não é fácil. Eu acho que consigo? Tenho chance, mas temos um caminho longo para percorrer”, afirmou o executivo.

De acordo com ele, o Atlético-MG, em anos recentes, gastou cerca de R$ 600 milhões na contratação de jogadores, situação que impactou as finanças do clube, sobretudo porque a venda de atletas não acompanhou esse ritmo.

“Neste ano, a gente quer deixar isso zero a zero. Então, tudo que comprei este ano, eu preciso vender. E quando eu compro, não é só direito de aquisição, mas também salário operacional, luvas e assim por diante”, disse.

A dívida líquida do Atlético-MG, divulgada nesta semana, totaliza R$ 824 milhões, mas não inclui na soma o Certificado de Recebível Imobiliário (CRI) lançado no mercado para a construção da Arena MRV, passivo que hoje alcança quase R$ 500 milhões.

O grande desafio da SAF, segundo Muzzi, está na chamada dívida onerosa, que atualmente se aproxima de R$ 900 milhões.

“Isso resulta em R$ 130 milhões de juros ao ano. Então, o que acontece? Eu queimo esse caixa e meu endividamento, que era de R$ 1,3 bilhão, vai aumentar”, explicou.

A SAF do Atlético-MG está em vias de receber um aporte de R$ 200 milhões do fundo FIP, capitaneado por Daniel Vorcaro. Além disso, o Figa deverá realizar mais uma injeção de recursos neste ano.

“A expectativa é que eu devo ou andar de lado no meu endividamento ou, eventualmente, abaixar um pouquinho, na casa de R$ 100 milhões”, avaliou Muzzi.

Sair da versão mobile