Nos últimos anos, muito se tem falado a respeito da necessidade de se profissionalizar a gestão no esporte. Mas o futebol brasileiro tem dado mostras recentes de que, quando o calo aperta, o socorro proporcionado por um torcedor bilionário pode ser mais que providencial.
Na semana passada, essa verdade ficou à mostra, quando Marcelo Marques, dono da Marquespan e pré-candidato à presidência do Grêmio, anunciou que havia quitado a dívida da Arena e iria doá-la ao clube do coração, numa operação avaliada em R$ 130 milhões.
Nesta quarta-feira (23), foi a vez do empresário mineiro Rubens Menin vir em auxílio do Atlético-MG, que atravessou uma crise financeira sem precedentes, no mês de julho, por conta de atrasos nos pagamentos a atletas do elenco.
Jogadores enviaram notificações extrajudiciais ao clube, cobrando a quitação das dívidas. O atacante Rony foi além de ingressou com uma ação na Justiça, solicitando a rescisão contratual com o Galo, alegando atrasos no pagamento de luvas e direitos de imagem, que totalizariam R$ 2 milhões.
Por fim, após chegar a um acordo com o Atlético-MG, que prometeu saldar os débitos ainda nesta terça-feira (22), o jogador desistiu do processo.
Reunião com atletas
Tanto no caso de Marcelo Marques quanto no de Rubens Menin, os socorros prestados aos times do coração não são movidos apenas para paixão. Enquanto o primeiro se cacifa como grande favorito na disputa pela presidência do Grêmio, o segundo é o maior acionista da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) do Atlético-MG.
Ao conter a crise no Galo, o empresário está, de certa forma, preservando seu patrimônio. Na noite de terça-feira, Menin publicou uma nota sobre a situação, em seu perfil no Instagram.
A torcida do Galo pode ter certeza de uma coisa: os desafios existem, e estamos enfrentando cada um deles com seriedade e diálogo.
Hoje o dia trouxe informações desencontradas, reações acaloradas e muita especulação. Mas, como sempre, a verdade e o bom senso devem prevalecer.
O Atlético tem responsabilidades, e as honra. Tem compromissos, e os cumpre. E tem um projeto de longo prazo sendo construído com trabalho duro, transparência e espírito coletivo.
Seguimos comprometidos com o amor por esse clube que corre nas nossas veias e com a confiança de que, com união e respeito, vamos continuar crescendo, dentro e fora de campo.
Rubens Menin, sócio majoritário da SAF do Atlético-MG
Ele participou da reunião com o elenco, ocorrida na manhã desta quarta. Durante o encontro, a diretoria da SAF conseguiu obter um prazo maior para saldar os débitos com os jogadores.
Os valores de direito de imagem, que estão vencidos há três dias, e as luvas dos atletas deverão ser pagos até o fim da próxima semana.
A quantia referente a um terço das férias foi paga nesta terça, ao passo que o restante deverá ser quitado na sexta-feira (25). Já as luvas deverão ser acertadas até o dia 2 de agosto.
O Relatório Convocados/Outfield 2025, lançado no mês passado, mostra que a dívida total do Atlético-MG ultrapassou R$ 2,3 bilhões e levaria de 19 a 22 anos para ser paga.
O clube, porém, considera que a soma total de seus débitos estaria em torno de R$ 1,3 bilhão, valor que, ainda assim, seria uma das maiores dívidas do futebol brasileiro.
Uma das grandes esperanças da torcida, para que o time possa superar o endividamento, consiste em novos aportes milionários que poderiam ser feitos Menin.
Em entrevista concedida no ano passado ao podcast Maquinistas, da Máquina do Esporte, o CEO Bruno Muzzi estimou que o pagamento de juros da dívida de aproximadamente R$ 1,3 bilhão custaria R$ 130 milhões ao ano para o Atlético-MG.