O Bahia sacramentou, na noite desta sexta-feira (20), a adesão à Liga do Futebol Brasileiro (Libra). A decisão foi oficializada por meio de uma nota veiculada pelo clube em seu site e nas redes sociais, mas já era conhecida há mais tempo, tendo sido divulgada em 6 de janeiro pelo jornalista Lauro Jardim, em seu blog no jornal O Globo, e adiantada pela Máquina do Esporte, que já havia revelado a aproximação entre o clube e a liga, na segunda metade de dezembro do ano passado.
Mesmo tendo escolhido um dos lados nessa disputa acirrada pela organização do modelo econômico do futebol brasileiro, o Bahia optou por pregar união.
“Temos o firme compromisso de trabalhar em estreita colaboração com todas as partes envolvidas para fazer os ajustes necessários no projeto e contribuir positivamente pela criação de uma liga independente, com a união de todos os clubes, inclusive aqueles que ainda não estejam com a gente, transformando o futebol brasileiro com mudanças positivas para clubes, jogadores e torcedores”, afirma a nota do clube.
Predomínio da Libra na Série A
Com essa adesão oficial, a Libra passa a contar com 18 clubes, sendo 11 da Série A (Bahia, Botafogo, Corinthians, Cruzeiro, Flamengo, Grêmio, Palmeiras, Red Bull Bragantino, Santos, São Paulo e Vasco) e sete da Série B (Guarani, Ituano, Mirassol, Novorizontino, Ponte Preta, Sampaio Corrêa e Vitória).
A Liga Forte Futebol (LFF) reúne 24 equipes, sendo nove da primeira divisão (América-MG, Athletico-PR, Atlético-MG, Coritiba, Cuiabá, Fluminense, Fortaleza, Goiás e Internacional), 11 da segunda divisão (Atlético-GO, Avaí, Ceará, Chapecoense, CRB, Criciúma, Juventude, Londrina, Sport, Tombense e Vila Nova) e quatro que caíram neste ano para a Série C (Brusque, CSA, Náutico e Operário-PR).
Divisão dos direitos de transmissão
A polêmica entre as duas ligas reside na forma de distribuição do dinheiro relativo aos direitos de transmissão das partidas do Campeonato Brasileiro. A Libra defende que a divisão seja feita nesta proporção: 40% de maneira igualitária entre todos os clubes, 30% por performance e 30% a partir do engajamento, que levaria em conta fatores como média de público nos estádios, base de assinantes de cada time no streaming, número de seguidores nas redes sociais, audiência na TV aberta e tamanho da torcida.
Essa fórmula tende a beneficiar os clubes de maior torcida, que, no contrato com a Globo, que estava em vigor até o ano passado, já levavam ampla vantagem em relação aos concorrentes na distribuição dos direitos de transmissão. Não por acaso, a Libra reúne os sete times mais populares do país.
A LFF, por sua vez, defende o modelo em que 50% dos recursos seriam distribuídos de maneira igualitária, 25% estariam relacionados ao desempenho das equipes no campeonato e os 25% restantes seriam baseados na audiência.
Presidente já criticou modelo da Libra
Apesar de o Bahia ter aderido à Libra, seu presidente, Guilherme Bellintani, é crítico do modelo proposto pela liga. Ele deixou claro esse posicionamento em uma entrevista exclusiva concedida à Máquina do Esporte em dezembro.
“Vejo como muito boas as iniciativas, tanto da Libra como do Forte Futebol. Vejo algum nível de maturidade nos trabalhos. Mas acho que ainda há alguns desafios a serem alcançados, por exemplo uma repartição mais justa da verba e alguns mecanismos de governança que precisamos alcançar”, disse o dirigente, à época.