Fornecedora das bolas oficiais de competições importantes de futebol brasileiro, como os Campeonatos Paulista e Carioca e a Copa do Nordeste, a Penalty virou alvo da fúria de astros internacionais do esporte nas atuais edições dos dois principais Estaduais do país.
A polêmica envolvendo a marca do Grupo Cambuci ganhou força nesta semana, logo após o encerramento do clássico entre Corinthians e Santos, realizado na Neo Química Arena, na última quarta-feira (12), e vencido pelo Timão por 2 a 1.
Presença mais aguardada em campo na noite, Neymar teve uma atuação apagada dentro das quatro linhas. Fora dela, porém, deu uma declaração capaz de abalar as estruturas de poder no futebol paulista.
“Com todo respeito à Penalty, que é a patrocinadora da bola, eu acho que eles deveriam melhorar um pouco mais essa bola aí, acho que essa bola é muito ruim e acho que essa bola tem de melhorar um pouco mais para ajudar nosso campeonato também”, afirmou o atacante, que retornou ao Santos neste ano, depois de passar quase um ano sem atuar por seu último clube, o Al-Hilal, da Arábia Saudita.
A bola oficial do Paulistão é a Penalty Ecoknit S11. Além do principal Estadual do país, ela é utilizada pelas federações do Uruguai e da Bolívia, na Copa do Nordeste (onde recebe o nome de Asa Branca) e no Campeonato Carioca, competição em que a bola da marca brasileira já havia sido alvo de críticas de um astro internacional.
As reclamações, no caso, foram feitas por Filipe Luís, treinador do Flamengo e que já atuou pelo clube, assim como por La Coruña, Atlético de Madrid e Chelsea, após a vitória da equipe rubro-negra sobre o Volta Redonda, quando ele foi perguntado, na entrevista coletiva, sobre o que teria faltado para seu time apresentar uma melhor performance em campo.
“O que atrapalha é a bola. O campo estava bom, mas a bola é horrível. Queria que vocês perguntassem aos jogadores a opinião deles sobre a bola da Penalty. Já joguei com ela e estou vendo eles sofrerem. O que faltou foi a bola em condições”, disparou.
Ferj ficou em cima do muro
Em meio ao tiroteio iniciado pelo treinador do clube de maior torcida do país contra a patrocinadora, a Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (Ferj) optou por adotar um tom apaziguador, procurando afagar Filipe Luís e a Penalty em uma nota em que rasga elogios aos dois lados:
Em razão de declarações críticas sobre a bola oficial do Campeonato Carioca, realizada há poucos dias pelo consagrado Filipe Luís, inquestionável profissional com retidão, qualidade, conhecimento e credibilidade para fazê-las, construídas ao longo de uma carreira profissional incontroversa, a Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro não poderia deixar de levar tal fato ao conhecimento oficial da empresa responsável pelo produto, a Penalty, com o objetivo de sinalizar para a necessidade de explicações, avaliação de possíveis desconformidades e busca de correções.
Sobre a Penalty, não paira nenhuma dúvida quanto ao seu critério de qualidade, comprovado pela FERJ durante vários anos de utilização de seus produtos.
Se por um lado, a imensidão da experiência com a bola Penalty, sem queixas, pode servir de alicerce para atestar a qualidade e satisfação do produto, tais fatos não invalidam a possibilidade da existência de algum fator ou viés pontual, gerador de imperfeições observadas pelo treinador Filipe Luís. Provavelmente ou possivelmente encontradas em um lote da produção, ou em unidades submetidas à inobservância das recomendações técnicas de uso, transporte ou armazenamento.
Seja por esse ou aquele motivo, cremos ser de suma importância a sinalização do Filipe Luís e a permeabilidade da Penalty em relação ao tema de modo a buscar causas para o bem de todos.
À Penalty e ao Filipe Luís, nossos agradecimentos pelo feedback de ambos, numa demonstração de harmonia e busca de soluções.
Rubens Lopes, presidente da Ferj
Penalty se defende
As duas críticas contundentes feitas pelo treinador do time de maior torcida do país e pelo principal ídolo do futebol brasileiro nas últimas décadas podem ser coincidência, mas chamam a atenção.
A Penalty optou por um tom conciliatório em sua defesa, procurando defender seu produto, mas admitindo a possibilidade de melhorá-lo e corrigir eventuais falhas.
A Penalty, em parceria com a Federação Paulista de Futebol, vem a público se manifestar diante das críticas emitidas em relação à bola oficial do Paulistão Sicredi 2025 nesta quarta-feira (12):
A Penalty e a FPF reafirmam seu compromisso com a qualidade, a inovação e o desenvolvimento do futebol, sempre ouvindo atentamente o feedback de atletas, treinadores e corpo técnico dos clubes para aprimorar seus produtos e garantir o mais alto nível de desempenho;
A Penalty Ecoknit S11, modelo da bola do Paulistão Sicredi 2025, é certificada pela FIFA (“FIFA Quality Pro” – FIFA Quality Programme for Footballs – certificado n°1007545) e habilitada para campeonatos Mundiais e Intercontinentais. Seguindo a orientação da FIFA, a bola para 2025 evoluiu e está mais rápida e dinâmica. Tanto é verdade que este ano as partidas apresentam uma média maior de gols, com um crescimento de 19% em 2025 (2,4 gols por partida) vs 2024 (2,02 gols por partida), resultando em uma competição ainda mais atraente para o público. A Penalty reconhece que essa mudança pode ter um impacto na adaptação dos jogadores, especialmente em campos com mais irregularidades.
A Penalty informa que entrará em contato com todos os clubes envolvidos no Paulistão Sicredi para ouvir os protagonistas do futebol —atletas e treinadores— e entender todos os pontos de críticas e sugestões para uma evolução constante da tecnologia e, principalmente, do resultado em campo de suas bolas.
Por fim, destacamos que a Penalty está constantemente atualizada com a FIFA e as entidades parceiras, contribuindo para o melhor resultado do esporte.
Nota oficial da Penalty
Lançada nos anos 1970, a Penalty já foi uma das principais fornecedoras de materiais esportivos para clubes de futebol, chegando a patrocinar 50 equipes. Com a entrada das grandes marcas internacionais no mercado brasileiro, ela aos poucos foi vendo seu espaço ser reduzido.
Ainda assim, até o início da década passada, era possível encontrar o logotipo da Penalty em camisas de times importantes como São Paulo, Cruzeiro e Bahia.
Nos últimos anos, sua presença no futebol tem se dado sobretudo por meio do fornecimento de bolas oficiais para competições. A marca também é parceira oficial do Novo Basquete Brasil (NBB) e fabrica materiais para 22 modalidades esportivas.
De acordo com informações da própria Penalty, a empresa é a que mais comercializa bolas no país, com um total de 3,8 milhões de unidades vendidas por ano.