Os atritos entre Palmeiras e WTorre podem dificultar o entendimento entre a construtora e o Santos para a construção da nova Vila Belmiro. Andres Rueda, presidente do clube praiano, admitiu que passou a tratar o contrato com cautela após Leila Pereira, presidente do time alviverde, cobrar publicamente o pagamento de parcelas atrasadas da receita gerada pelo Allianz Parque.
“A arena estava no finalmente para ser assinado [o contrato]. Mas não vou faltar com transparência. A briga entre Palmeiras e WTorre nos acendeu um sinalzinho. Temos que prever essa situação, que não é difícil de prever”, afirmou Rueda, em reunião do Conselho Deliberativo do Santos.
A ideia de Rueda é estabelecer no contrato que, caso haja atraso no pagamento das receitas geradas pela nova Vila Belmiro, esse atraso seja descontado no período do contrato. A princípio, o acordo entre Santos e WTorre estabelece que a Vila Belmiro será gerida pela empresa de engenharia por um período de 30 anos.
“É um contrato longo, e podemos ajustar problemas de inadimplência com cláusula. Por exemplo, se não pagar por três meses, a gente desconta dois anos do tempo de contrato. Cai de 30 para 28 anos de exploração”, defendeu Rueda.
“Temos maneiras de blindar o clube, mas isso leva tempo. É enviar e receber proposta. Leva mais tempo do que deveria. É um contrato de 30 anos que merece todo cuidado”, completou.
Dívida
O Palmeiras cobra da Real Arenas, empresa da WTorre responsável pela gestão do Allianz Parque, o pagamento de R$ 128 milhões. De acordo com o clube, a Real Arenas não repassa receitas ao time alviverde desde 2015. Na semana passada, o Palmeiras havia até conseguido uma ação de execução da dívida, com prazo final no último dia 21 de junho. No entanto, a Justiça acabou suspendendo a ação, alegando que precisaria de mais tempo para analisar a situação.
Nesta terça-feira (27), na apresentação do avião que será utilizado pelo elenco do Palmeiras em seus deslocamentos pelo Brasil e América do Sul, Leila Pereira voltou a cobrar a Real Arenas sobre o pagamento da dívida.
“São oito para nove anos de uma negociação que o Palmeiras só recebeu sete meses do que era devido. Um valor de R$ 127,9 milhões que a própria Real Arenas admite que deve. Mas estamos em negociação”, contou a dirigente.
De acordo com ela, não é possível dar detalhes sobre a dívida e a proposta de pagamento por conta da questão estar na Justiça.
“Uma parte na arbitragem que não podemos falar, é importante o torcedor entender que a presidente do Palmeiras entende que, mais importante que o interesse comercial da Real Arenas, é o interesse público para o nosso torcedor. Por mim, tornaria tudo isso público, mas não posso falar”, disse Leila.
Outro lado
Procurada para comentar sobre o acordo com o Santos para a construção e gestão de uma nova arena no espaço da Vila Belmiro, a WTorre afirmou que o acordo que está para ser assinado será benéfico para todos.
“O projeto da WTorre com o Santos Futebol Clube segue em tratativas para definição de um contrato que seja positivo para ambas as partes”, destacou a empresa de engenharia.