A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) oficializou, na manhã desta quarta-feira (1º), o novo calendário das competições oficiais do país, que entrará em vigor a partir de 2026 e deverá, em tese, valer por pelo menos quatro anos.
Conforme o presidente Samir Xaud havia adiantado na sua posse, em maio deste ano, os Estaduais passarão a contar com 11 datas (cinco a menos do que no modelo hoje em vigor), embora o período em que eles ocorrerão será mantido, entre 11 de janeiro e 8 de março.
Com isso, a Série A do Brasileirão, que tem início previsto para 28 de janeiro, acabará “invadindo” o espaço dos torneios locais.
De acordo com Julio Avellar, diretor de competições da CBF, os jogos do campeonato nacional deverão ocorrer no meio de semana, enquanto os dos Estaduais serão aos sábados ou domingos.
Copa Sul-Sudeste
Uma das principais novidades do calendário é a introdução da Copa Sul-Sudeste, que contará com a participação de 12 clubes e ocorrerá entre 25 de março e 7 de junho, com um total de 42 partidas.
A nova competição seguirá formato parecido ao da Copa do Nordeste e da Copa Verde (que reúne times do Norte e do Centro-Oeste).
O detalhe é que os times classificados para competições da Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) não poderão participar da Copa Sul-Sudeste. O campeão garantirá acesso direto à terceira fase da Copa do Brasil, na temporada seguinte.
“Havia uma demanda principalmente dos estados do Sul por esta competição. Se vai pegar, a gente não sabe. Mas vários clubes demonstraram interesse”, afirmou Avellar.
A norma que exclui do novo torneio os times classificados para competições da Conmebol também irá valer para as Copas Verde e do Nordeste.
No início de sua apresentação, Avellar observou que a “Lampions League” (modo como o torneio regional é conhecido popularmente) vinha sofrendo um processo de fragmentação ao longo do ano, por conta da presença cada vez mais recorrente das equipes da região nas disputas continentais.
Originalmente, a competição regional deveria utilizar as datas da Conmebol para realizar seus jogos. As participações recentes de clubes como Fortaleza e Bahia nas Copa Libertadores e Sul-Americana acabaram por impactar esse calendário.
Copa do Brasil
A Copa do Brasil também invadirá o período dos Estaduais, com seu início previsto para 18 de fevereiro e encerramento em 6 de dezembro.
A CBF anunciou aumentos nos números de jogos, que irão de 122 para 155, e de clubes, que passarão dos atuais 92 para 126, em 2026, e 128, a partir de 2027.
Apesar disso, a competição terá redução no número de datas envolvendo equipes da Série A do Brasileirão. Avellar se referiu a isso como a CBF “cortando na própria carne”.
De acordo com a apresentação feita pelo dirigente, as mudanças resultarão em maior quantidade de vagas para a maioria das federações, com os Estaduais garantindo as presenças de mais 22 clubes no torneio nacional.
A grande alteração na Copa do Brasil, a partir de 2026, será a introdução da final em jogo único, no mesmo molde que já é adotado nos torneios da Conmebol e na própria Supercopa Rei.
Esse novo formato de decisão da Copa do Brasil foi concebido de modo a tornar a partida o grande evento de fechamento do calendário do futebol brasileiro.
Séries B, C e D
A Série B do Brasileirão seguirá tendo início após o encerramento dos Estaduais, em 21 de março. O formato atual também será mantido. Já as demais divisões nacionais passarão por mudanças profundas.
A Série C, que começará em 5 de abril e terminará em 25 de outubro, contará com os mesmo 20 clubes em 2026. Porém, apenas dois serão rebaixados ao fim do campeonato.
Ao mesmo tempo, a Série D 2026 deverá promover seis equipes para a divisão superior. Dessa forma, a Série C passará a ter 24 times no ano seguinte.
Em 2027, o esquema “descem dois, caem seis” voltará a ocorrer, de modo que a Série C 2028 ficará com 28 clubes.
A partir daí, a cada temporada a terceira divisão irá rebaixar seis equipes para a Série D, que promoverá a mesma quantidade de clubes e terá um aumento no total de times participantes, que irá de 64 para 96.
Mesmo com o aumento das equipes na Série C, Julio Avellar disse que a entidade não trabalha com a previsão da diminuição das cotas pagas aos times da competição.
Razões das mudanças
De acordo com Avellar, as mudanças têm objetivo de reduzir a carga de jogos a que são submetidos os clubes de elite do país.
O movimento de ampliação das datas dos torneios continentais da Conmebol, que passaram a ser jogados durante o ano todo e com maior número de equipes participantes, foi um dos principais fatores para essa situação.
Campão da Copa Libertadores 2024, o Botafogo, por exemplo, disputou 75 partidas na última temporada.
Avellar lembrou ainda que o fato de o Brasil sediar a Copa do Mundo Feminina de 2027 também foi levado em conta na elaboração do novo calendário, já que vários estádios muito utilizados na Série A também irão receber partidas do Mundial.
De acordo com o dirigente, o calendário atualmente em vigor no futebol brasileiro seria o mesmo que se tentar “fazer um elefante caber numa casinha de cachorro”. “Ficou insustentável”, desabafou.
Por outro lado, a reformulação do calendário busca, segundo ele, ampliar as chances para que equipes menores possam disputar competições nacionais.
Atualmente, dos 882 clubes profissionais registrados na CBF, 124 participam de campeonatos nacionais promovidos pela entidade. Isso equivale a 14% do total.
Com isso, times que estão de fora do Brasileirão acabam ficando ociosos durante boa parte da temporada.