O City Football Group (CFG) fechou a temporada 2020/2021 com perdas de € 64 milhões, um resultado financeiro mais positivo do que 2019/2020, quando o prejuízo foi 74% maior. Com isso, o projeto que reúne franquias de futebol pelo mundo já acumula prejuízo de mais de € 700 milhões desde sua criação, segundo o site espanhol 2Playbook.
A gestão financeira poderia ter sido ainda mais temerária se não fosse a entrada de € 46,8 milhões com a chegada da Silver Lake como investidora do grupo. A abertura de capital teve impacto de € 29,3 milhões em 2019/2020.
O volume de negócios melhorou 14,7%, atingindo € 755,8 milhões. Os ganhos por transferências chegaram a € 96,5 milhões, o que representou um aumento de 64,9%. O restante do resultado operacional quase dobrou na última temporada, chegando a € 11,3 milhões.
O Manchester City contribuiu com 91,2% do faturamento recorrente do grupo. Houve um aumento de receita com a chegada à final da UEFA Champions League (de € 92,4 para € 139,5 milhões). Os ganhos com direitos de transmissão, por sua vez, aumentaram 47,6%, chegando a € 241,3 milhões. Já a área comercial cresceu 9%, atingindo € 371,9 milhões.
Em compensação, receitas com venda de ingressos caíram de € 61,9 milhões para € 3,2 milhões.
O Girona, que não conseguiu subir para a primeira divisão espanhola, reduziu sua participação em 50%, atingindo apenas € 11,1 milhões.
Já o New York City, que compete na MLS, teve queda de 13% no faturamento, com € 32,2 milhões, devido principalmente ao impacto da pandemia na bilheteria. O Melbourne City, da Austrália, e o Estac Troyes, da França, contribuíram com € 9,1 milhões e € 6,5 milhões, respectivamente.
Todos esses clubes geraram prejuízo, neutralizando o lucro líquido de £ 2,4 milhões do Manchester City na temporada. Com a reabertura dos estádios e os novos contratos de transmissão da Premier League, espera-se que o faturamento melhore. Por outro lado, o novo regulamento da Premier League, que limita patrocínios ligados aos donos do clube, pode prejudicar o desempenho financeiro.
No momento, o maior desafio financeiro do CFG é o gasto com a folha de pagamento, que subiu 5,5%, chegando a € 553,2 milhões. Isso representa 88% de toda a renda, muito acima do teto de 70% recomendado pela UEFA.
O investimento em contratações já ultrapassou os € 1,21 bilhão, embora esse valor líquido seja de € 586,14 bilhões, descontadas as vendas. As dívidas com clubes por contratações subiram 81% na temporada, chegando a € 196,9 milhões.
As perdas consumiram boa parte do caixa do grupo, que recebeu investimento de € 421,8 milhões no final de 2019 por parte da empresa de investimentos Silver Lake. Com essa operação, a holding é avaliada em € 4,049 bilhões.
Em julho de 2021, o CFG contraiu um empréstimo de US$ 650 milhões e uma linha de crédito de £ 80 milhões, ambos com vencimento em 2028. Os recursos foram fornecidos pelo banco Barclays, enquanto o HSBC e a KKR Capital Markets atuaram como assessores em uma operação destinada a financiar o plano patrimonial do grupo.
O dinheiro será usado especificamente para a construção de um novo estádio em Nova York, dependendo da aprovação de licenças pelas autoridades locais, bem como na construção de um local de eventos em Manchester ou na aquisição de ações em mais clubes.
A última compra foi a do Estac Troyes, pelo qual o CFG pagou, em setembro de 2020, £ 7,5 milhões em troca de 82,25% do capital. Em sua primeira temporada, o time francês foi promovido da Ligue 2 para a Ligue 1, mas gerou perda de £ 7,2 milhões.
Por último, o Sichuan Jiuniu FC, da terceira divisão chinesa, é 33% detido pelo CFG e sofreu prejuízo de £ 13,21 milhões, embora apenas parte disso vá para o resultado financeiro da holding internacional.