Os problemas da 777 Partners, dona de 70% da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) do Vasco, não param de aumentar. Na sexta-feira (10), o Standard Liège, clube da Bélgica que também pertence à investidora norte-americana, foi impedido por seus torcedores de deixar o centro de treinamento para enfrentar o KVC Westerlo, pelo Campeonato Belga.
Os protestos são consequência do descontentamento da torcida com a gestão da 777 no clube. O time, dono de dez títulos do Campeonato Belga, terminou a temporada regular do torneio na 10ª colocação. A equipe não vence há sete jogos nos playoffs, ficando distante da classificação sequer para a Conference League, terceira competição europeia em importância.
“Tendo a nossa equipe bloqueada na saída do Centro de Treinamento por alguns torcedores que decidiram impedi-la de chegar ao estádio, o clube não pôde participar do jogo agendado para esta sexta-feira à noite frente ao KVC Westerlo”, lamentou o Standard Liège em nota oficial.
“As discussões com esses torcedores não permitiram encontrar uma solução para retirar o bloqueio. O Standard Liège lamenta profundamente a situação e pede desculpas ao KVC Westerlo, bem como aos torcedores de ambos os times presentes no estádio nesta noite”, completou o clube.
Além do desempenho recente ruim, o Standard Liège também está passando por um embargo de transferências temporário por conta da frágil situação financeira da 777 Partners.
Problemas financeiros
A 777 Partners passa por intensas dificuldades, que têm impactado em sua atuação no futebol e fora dele. Além de Standard Liège e Vasco, a empresa também possui participações no Sevilla (Espanha), Genoa (Itália), Red Star (França), Hertha Berlin (Alemanha) e Melbourne Victory (Austrália).
No Brasil, o Vasco está tentando, a partir de movimentações orquestradas pelo ex-jogador Pedrinho, atual presidente associativo do clube, se desvincular da 777, alegando risco de a empresa não honrar com investimentos previstos em contrato.
A 777 também passa pelo processo de adquirir o Everton, na Premier League. A movimentação, porém, vem sendo colocada em xeque depois que a investidora atrasou o pagamento de empréstimo de £ 15 milhões e viu a MSP Sports Capital assumir o favoritismo para a compra.
Fora dos gramados, a 777 também enfrenta dificuldades. A Bonza, companhia aérea australiana de baixo custo que pertence à empresa, teve sua operação suspensa e passou para a administração judicial após passar por uma reintegração de posse de toda sua frota.
Nos Estados Unidos, a empresa é suspeita de cometer uma fraude financeira de US$ 600 milhões. Em processo aberto em um tribunal federal de Nova York, a Leadenhall Capital Partners alega que emprestou essa quantia à 777. No entanto, US$ 350 milhões de garantia dados pela 777 não existiam, não estavam sob controle ou já haviam sido oferecidos pela investidora a outros credores.