Vários clubes da Jupiler Pro League, a primeira divisão da Bélgica, estão explorando brechas na nova lei que proíbe uso de marcas de apostas no espaço do patrocínio máster. As estratégias levaram a Comissão de Jogos da Bélgica a abrir uma investigação sobre o tema.
A nova lei estabelece que as casas de apostas só podem aparecer nas mangas ou nas costas das camisas dos jogadores. No entanto, o Brugge e o Standard Liège fizeram uma interpretação bem incomum da regra.
“A lei é clara e determina que a marca da empresa de apostas não pode mais estar na frente da camisa”, explica Bram Constandt, professor de gestão esportiva na Universidade de Ghent, em entrevista ao site Inside World Football.
Malandragem
O Brugge, atual campeão e que conquistou 4 das últimas 5 edições do torneio, tem jogado com a U-Expert, marca da Unibet, no espaço nobre da camisa. Contra o Racing Genk, pela Copa da Bélgica, também atuou com a Unibet nas costas, mas a marca parecia estar com tamanho maior do que os 75 cm2 permitidos pela lei.
Já o Standard Liège divulgou que irá usar a marca Circus Daily na frente do uniforme. U-Experts e Circus Daily são sites pretensamente de notícias, mas que direcionam o tráfego para as plataformas de apostas Unibet e Circus, respectivamente.
Já o Antwerp, vencedor da liga belga em 2023, vai trocar a BetFirst pelo AntwerpFirst, fundação que leva o nome do clube, mas é apoiada pela operadora de apostas.
O Charleroi também usa o U-Experts na camisa, enquanto o Cercle Brugge tem o Golden Palace News na frente do uniforme, outro site de “notícias”, que direciona os usuários a uma plataforma de apostas.
““Há clubes que simplesmente adicionaram a palavra ‘news’ ou ‘daily’ ao nome da marca. Isso é uma clara violação da lei. As empresas de apostas e certos clubes de futebol estão sinalizando que não se importam realmente com a legislação”
Bram Constandt, professor de gestão esportiva na Universidade de Ghent
Defesa
Os clubes e a liga belga alegam que não estão violando a legislação, mas a Comissão Belga de Jogos abriu investigação sobre a prática eira examinar caso a caso. A junta tem o poder de suspender licenças de apostas e impor multas aos times.
Em 2024, os clubes argumentaram que haveria queda drástica nas receitas caso a proibição fosse efetivada.
“Parece que todos os meios servem para alguns clubes perpetuarem sua grande dependência da renda da indústria de jogos de azar”, afirma Constandt.
O professor afirma que pesquisas mostraram que esse tipo de publicidade é um impulsionador de danos à população, atingindo principalmente grupos vulneráveis, como menores de idade ou quem tenta se recuperar do vício em jogos.