Clubes menores se unem e “racham” projeto de liga

Dez clubes da Série A do Campeonato Brasileiro anunciaram a formação de um bloco “dissidente” de discussão sobre a criação de uma Liga de Clubes. Na tarde desta quarta-feira (16), o grupo anunciou o movimento “Forte Futebol”, que tem como objetivo debater a criação de uma liga e, principalmente, a entrada de investidores no negócio.

O manifesto é assinado por América Mineiro, Athletico Paranaense, Atlético Goianiense, Avaí, Ceará, Coritiba, Cuiabá, Fortaleza, Goiás e Juventude. Os dez clubes, que são os de menor torcida entre os 20 que disputam a Série A do Brasileirão em 2022, decidiram se unir para tentar evitar que a liga seja “controlada” pelos clubes maiores.

“Esse movimento foi criado para dar força, voz e representatividade a esses dez clubes em qualquer novo movimento de direitos comerciais, econômicos, de direitos de transmissão e de criação de liga”, afirmou Marcelo Paz, presidente do Fortaleza, à Máquina do Esporte.

De acordo com o dirigente, a ideia é que tudo seja discutido de forma unitária entre esses dez clubes, que também manterão entre si o princípio da igualdade de divisão de receitas advindas dos acordos comerciais referentes ao Brasileirão.

“Historicamente, nas decisões tomadas na divisão de valores, esses clubes são prejudicados, então a gente entendeu que deveria se juntar de forma uníssona, entendendo que todos somos iguais. Respeitamos os clubes que não querem estar no grupo, mas também já estendemos a eles o convite”, completou Paz.

A ideia é que, com isso, os times menores ganhem força na discussão sobre a liga. Até pela representatividade que possuem atualmente.

“Esse grupo representa 50% da Série A. Dificilmente, em qualquer decisão a ser tomada sobre a liga, esse grupo não será ouvido. A gente está muito alinhado. E, para surgir esse movimento, ele é consequência de muitos anos de conversa”, disse o dirigente.

A criação do grupo é o primeiro racha público do projeto de criação da liga, anunciado ainda em julho de 2021 pelos clubes e que, até agora, não conseguiu prosperar. A ideia é que a entidade seja criada para cuidar dos interesses comerciais do Brasileirão a partir da temporada 2025, quando se encerra o contrato de direitos de transmissão que estão com o Grupo Globo (apenas o Athletico Paranaense não tem acordo com a emissora para TV fechada e pay-per-view).

Para Marcelo Paz, a criação do movimento “Forte Futebol“ é mais um passo para ajudar na criação da liga. Segundo o mandatário do Fortaleza, agora os dez clubes são ouvidos de uma única vez e sempre com a premissa de que o dinheiro será dividido igualmente entre eles.

“A partir de agora, a gente vai ouvir em grupo e vai decidir em grupo. A própria criação da liga a gente vai pensar junto. Alguns clubes da Série B também estão alinhados conosco, mas neste momento entendemos que o melhor é estarem apenas os que estão na Série A. Isso facilita para a liga, afinal já tem metade dos clubes pensando de um mesmo jeito”, afirmou.

Atualmente, o projeto da criação da liga está estacionado antes mesmo de ela ter sido criada. Os clubes, antes de se unirem, preferiram ouvir propostas para a fundação da entidade já com um grupo investidor como sócio. Isso tem gerado debates sobre quanto dinheiro será aportado e de que forma será feita a divisão da receita. Antes de ter um produto, os clubes já tentam vendê-lo sem saber ao menos quem fará parte.

Mesmo nesse cenário, duas propostas foram apresentadas aos clubes. Uma foi feita pelo grupo Codajas Sports Kapital (CSK) e outra pela joint-venture das agências 1190 Sports e LiveMode. Ambas, porém, não conseguiram apresentar garantias de que o investimento seria feito. Além disso, nas duas propostas a liga ficaria na mão dos investidores, o que incomoda os clubes. Outro empecilho está na discussão sobre o modo como o dinheiro que seria aportado para a sociedade seria dividido entre os clubes.

Existe ainda uma promessa de entrada do banco de investimentos XP, que diz que pode captar investidores no mercado e, em troca, auxiliar na criação da liga. A diferença é que o banco promete entregar aos clubes o comando da entidade. Uma proposta formal, porém, ainda não foi apresentada para os dirigentes.

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