Com o anúncio da Blaze como patrocinadora máster do Botafogo, 19 dos 20 clubes que disputam o Brasileirão passaram a ter apoio financeiro de sites de apostas. A Blaze passou a ocupar o espaço nobre da camisa do time carioca desde o último domingo (10). A empresa fechou contrato de patrocínio para os times masculino e feminino, além do Sub-23, até o final do ano.
No entanto, na derrota diante do Cuiabá, por 2 a 0, no Mato Grosso, o Botafogo estreou o patrocínio da Blaze apenas na camisa do goleiro Gatito Fernández. Isso porque a arbitragem solicitou que o Botafogo trocasse o uniforme titular pelo reserva, que não contava com o logotipo do patrocinador devido ao pouco tempo hábil entre a assinatura do contrato e o jogo na Arena Pantanal.
Dessa forma, a estreia do patrocínio com o time completo ficou para esta quinta-feira (14), quando o Botafogo receberá o América-MG, pelas oitavas de final da Copa do Brasil, precisando reverter a derrota de 3 a 0 do jogo de ida, em Belo Horizonte.
Athletico-PR é exceção
Entre os times da Série A do Brasileiro, o único que não conta com uma parceria comercial com site de apostas é o Athletico-PR. O clube deu fim ao acordo que tinha com a Betmotion, com exposição na parte inferior da camisa, para assinar em junho com a EstrelaBet, que estamparia seu logotipo no espaço principal do uniforme.
No entanto, o acordo foi rompido pelo time paranaense dias depois, de forma unilateral, após descobrir que receberia pelo patrocínio máster quase o mesmo que a EstrelaBet pagaria ao Internacional por espaço na clavícula do time masculino e na parte frontal da camisa do time feminino.
Aumento de investimentos
No futebol masculino, o fenômeno surgiu há cerca de quatro anos, principalmente após a saída do mercado de bancos estatais, que então dominavam o espaço de patrocínio máster nos times do Brasileirão. Dos 19 clubes com parcerias comerciais com sites de apostas, 18 possuem contratos com exposição de marca na camisa.
O Palmeiras é a única exceção. A Betfair é patrocinadora máster do time feminino, líder do Brasileirão após 13 rodadas, com direito a ativações nos canais digitais do clube. A camisa do masculino, porém, é ocupada integralmente por Crefisa e FAM, empresas comandadas por Leila Pereira, presidente do clube.
Imbróglio jurídico
As apostas esportivas foram legalizadas no Brasil em dezembro de 2018, quando o governo federal sancionou a Lei 13.756/2018, autorizando o Ministério da Fazenda a desenvolver normas para o licenciamento das casas de apostas esportivas no país. Contudo, a regulamentação da prática ainda não ocorreu.
Segundo o advogado Eduardo Carlezzo, especialista em direito esportivo, a regulamentação, que precisa sair até o final do ano, aumentará ainda mais os patrocínios esportivos do setor.
“O crescimento expressivo no investimento em patrocínios ocorre em meio a um mercado que não possui regulamentação. Apesar de não ser irregular, já que a lei do final de 2018 permite a regulação das apostas, ainda falta um processo de concessão que caminha lentamente no governo federal”, afirmou Carlezzo.
“Com essa demora, perdem todos, porque a regularização traria geração de empregos, negócios, impostos, e atrairia operadores globais ao país. A regulamentação adequada aumentaria, inclusive, os valores envolvidos nos acordos entre clubes e sites de apostas”, acrescentou.
Futebol feminino
A assinatura dessas parcerias comerciais já atinge também o futebol feminino. Além do Palmeiras com patrocínio máster de um site de apostas, o Internacional também conta com esse tipo de apoio no espaço nobre da camisa de sua equipe feminina.
“Os investidores olham para o Inter como um bom lugar para promover suas marcas, e os novos parceiros são de grande importância e comprovam a boa administração da modalidade”, disse Jorge Avancini, vice-presidente de marketing do Internacional.
Em maio, o Galera.Bet, que já tinha acordo com o time masculino do Corinthians, estendeu o apoio também à equipe feminina. Em fevereiro, durante a disputa da Supercopa, a empresa já havia fechado um acordo pontual com o time. Há dois meses, o logotipo da empresa vem estampando o uniforme do feminino na região da clavícula. O contrato também dá direito a ativações nas redes sociais, placa no Centro de Treinamento e exposição nos backdrops durante as entrevistas.
“Quando penso no futebol feminino, a primeira palavra que vem à cabeça é resiliência. Por muitos anos, o futebol feminino foi renegado e até proibido. E veja onde elas chegaram”, comentou Ricardo Bianco Rosada, CMO do Galera.Bet.
“Em uma época em que falamos tanto sobre a necessidade de igualdade em todas as esferas, apoiar essa modalidade significa dar força à mudança de postura, trazendo à tona o quanto essas meninas são profissionais, talentosas e merecedoras de seu sucesso”, complementou.
O Galera.Bet, que também patrocina o Brasileirão Feminino, anunciou, em maio, uma parceria comercial com a competição masculina. O acordo, válido até o final de 2024, dá direito a ações off-line, digital, branding, relacionamento e ativações exclusivas de experiências.
“O Galera.Bet é uma marca criada exclusivamente para o mercado brasileiro. Não à toa, levamos as cores do Brasil. O Brasileirão fala muito sobre o brasileiro, sua paixão, seus rituais e, também, sobre a nossa empresa”, afirmou Asher Yonaci, CEO do Galera.Bet.
Lista de empresas
Veja abaixo a lista dos times da Série A com patrocínio de sites de apostas:
América-MG: PixBet (máster)
Avaí: PixBet (máster)
Botafogo: Blaze (máster)
Corinthians: Galera.Bet
Coritiba: Dafabet
Flamengo: PixBet
Fluminense: Betano (máster)
Goiás: PixBet (máster)
Internacional: EstrelaBet
Palmeiras: Betfair
Red Bull Bragantino: BetPix365
São Paulo: Sportsbet.io (máster)