Com Vini Jr. como capitão, Brasil encara Espanha e anuncia ações contra o racismo

Vini Jr. com o casaco "Uma Só Pele, Uma Só Identidade", produzido pela Nike - Rafael Ribeiro / CBF

Palco de recorrentes casos de racismo praticados por torcedores, dirigentes e até comentaristas de TV, a Espanha receberá, nesta terça-feira (26), um amistoso internacional de futebol que terá como principal destaque o atleta que se tornou o alvo preferencial desse tipo de criminoso.

Com o atacante Vinicius Júnior utilizando a braçadeira de capitão, o Brasil entrará em campo no Estádio Santiago Bernabéu, em Madri, para enfrentar a Espanha. A partida terá início às 17h30 (horário de Brasília).

A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) aproveitou a passagem pela Espanha para reforçar as ações de combate ao racismo. Uma das novidades está no casaco que será usado pelo time, feito na cor preta e que traz o desenho de uma digital no lugar em que tradicionalmente estaria o escudo da entidade. Produzida pela Nike, a peça traz nas costas a inscrição “Uma Só Pele, Uma Só Identidade”.

O ônibus que levará a seleção ao estádio e a flâmula do jogo também utilizarão a identidade visual da campanha. Vini Jr. foi escolhido pela CBF para estrelar essa ação nas redes sociais.

As iniciativas de combate ao racismo não ficarão restritas ao time verde e amarelo. Na véspera do confronto, os atletas Vini Jr. e Rodrygo, do Brasil, e Nico Williams e Lamine Yamal, da Espanha, foram ao estádio do Real Madrid posar para uma foto, acompanhados do presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, e do diretor esportivo da seleção espanhola, Albert Luque.

As duas seleções preparam uma série de medidas conjuntas, como parte da campanha contra o racismo.

“Não há mais espaço para racistas no futebol. Esse será o recado claro que vamos dar nesta terça-feira para todo mundo”, afirmou Rodrigues.

Para reforçar o clima amistoso, as duas seleções fizeram um acordo para que o VAR não seja utilizado na partida.

Dorival cobra punição exemplar aos racistas

Em uma entrevista coletiva concedida na tarde desta segunda-feira (25), o técnico da seleção brasileira, Dorival Júnior, solidarizou-se com Vinicius Júnior e cobrou punições exemplares aos racistas.

“É uma covardia o que acontece. Me desculpem, mas não temos outra definição para o que acontece. Os seres humanos precisam se respeitar antes de tudo. É inaceitável que pessoas tenham reações desse tipo. Isso faz o espetáculo perder o seu brilho natural”, disse o treinador.

Principal vítima dos atos racistas, Vini Jr. também se manifestou sobre a questão. Ele afirmou que, a cada dia, sente menos vontade de jogar.

“Acredito que seja muito triste tudo que eu venho passando a cada jogo, a cada dia. A cada denúncia vai aumentando esse sentimento. É muito triste, mas não sou só eu, mas todos os negros que sofrem no dia a dia o racismo verbal, que é minoria perto de tudo que os negros sofrem no mundo”, declarou o atacante, que interrompeu a entrevista quatro vezes para chorar.

Por outro lado, ele disse que segue na luta antirracista inspirado por “todas as pessoas que torcem” pelo seu sucesso.

“Elas me mandam mais mensagens para lutar com eles. Tenho força grande dentro de mim, na família, em casa. Nem todos têm o apoio que eu tenho em casa. Que podem falar por tantas pessoas. Quero seguir por eles, que sabem do que realmente passo e passei. E que é muito difícil”, afirmou.

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