O comissário para Justiça Intergeracional, Juventude, Cultura e Esporte da União Europeia (UE), Glenn Micallef, criticou a realização de partidas de ligas nacionais de futebol fora da Europa. A declaração foi feita após pedidos de times como Barcelona, Villarreal, Milan e Como para sediar jogos em Miami (EUA) e na Austrália nesta temporada.
Segundo Micallef, a iniciativa representa um desvio dos princípios que sustentam o modelo esportivo europeu.
“Estou profundamente decepcionado com as propostas de sediar partidas de liga nacional fora da Europa”, escreveu o comissário no X.
“Para mim, está claro: as competições europeias devem ser disputadas na Europa. O futebol europeu deve permanecer na Europa”, completou o maltês.
Contexto
A iniciativa de realizar jogos fora do continente europeu não é nova. A ideia de uma 39ª rodada internacional foi discutida pela Premier League há mais de 15 anos, mas não avançou.
Recentemente, o diretor-executivo da liga inglesa, Richard Masters, afirmou que “a necessidade de jogar no exterior se dissipou”, indicando que não há planos para partidas internacionais.
Porém, não é o que pensam LaLiga (Espanha) e Serie A (Itália), que mantêm o interesse em expandir suas marcas globalmente. O Barcelona e o Villarreal solicitaram a realização de uma partida em Miami (EUA) em dezembro, enquanto Milan e Como avaliam jogar na Austrália. Nenhuma das propostas recebeu aprovação oficial até o momento.
Crítica
Micallef reforçou seu posicionamento durante o Fórum Esportivo da União Europeia, realizado em Cracóvia, na Polônia.
“Hoje, falei com Ronan Evain, da Fans Europe [associação de torcedores europeus], para expressar minha solidariedade e deixar claro que estarei ao lado dos torcedores de futebol, especialmente na Espanha e na Itália”, contou.
O político defendeu que os clubes mantenham o vínculo com suas comunidades e que jogos no exterior seriam uma espécie de rompimento com esse pacto local.
“Como comissário e como torcedor de futebol de longa data, acredito que os clubes devem grande parte de seu sucesso aos seus torcedores leais e às comunidades locais. Transferir competições para o exterior não é inovação, é traição”, criticou.
Resposta
A Serie A da Itália respondeu às críticas por meio de um comunicado oficial.
“Falar em traição por uma única partida, de um total de 380 da Serie A, parece uma posição excessiva, que corre o risco de alimentar um debate populista, longe de uma visão construtiva e moderna do esporte”, respondeu a liga italiana.
A entidade também citou exemplos de grandes ligas dos EUA, como NFL e NBA, que realizam jogos da temporada regular fora dos Estados Unidos há algum tempo.