A Conmebol luta para que a final da Copa Libertadores, entre Flamengo e Athletico-PR, em Guayaquil, no Equador, não repita o fiasco de público da decisão da Copa Sul-Americana, em Córdoba, na Argentina. Segundo a Máquina do Esporte apurou, 15 mil ingressos já foram vendidos para torcedores dos finalistas. A expectativa da entidade é que outras 25 mil pessoas assistam ao jogo, seja por meio de venda local, convidados de patrocinadores ou distribuição gratuita.
Caso esses números sejam alcançados, o estádio terá cerca de 40 mil torcedores, o que serviria para encher 67% do Monumental Isidro Romero Carbo, que tem capacidade para 59.283 torcedores.
Embora sejam números que sirvam para colocar a final da Libertadores acima do que foi obtido na decisão entre São Paulo e Independiente del Valle, ainda assim haveria muitas porções vazias nas arquibancadas.
“Gosto da final única. Mas, claramente, a América do Sul é muito grande, há deficiência de transporte, as viagens são caras. É preciso pensar nessas questões quando são marcadas finais em cidades como Guayaquil e Córdoba”
Fernando Fleury, fundador da Armatore Market+Science e colunista da Máquina do Esporte
“O principal é colocar [a decisão] em cidades que tenham conexões aéreas com as principais metrópoles do continente. Pensaria inclusive em conversar com a companhia aérea patrocinadora da competição para a elaboração de um projeto que aumentasse o número de voos para o evento”, acrescentou Fleury, referindo-se à Qatar Airways, que é patrocinadora oficial da Conmebol.
Defasagem de leitos
Outro desafio considerável para a cidade é em relação à rede hoteleira. Guayaquil possui 12.602 vagas de hospedagem. São 7.760 quartos e 9.147 leitos (cama de casal conta como duas vagas) em 122 hotéis na cidade. Ou seja, se todas as vagas fossem disponibilizadas aos torcedores que viajarem à cidade, seria possível encher apenas 21% do Estádio Monumental.
Se forem acrescidas todas as vagas do Estado de Guayas, onde fica Guayaquil, há 16.551 locais para dormir, o que é suficiente para preencher pouco menos de 28% do estádio da final.
Há ainda dificuldade de transporte, já que existem poucos voos partindo de São Paulo e Rio de Janeiro, principais aeroportos do Brasil, até o Equador. Até Guayaquil é preciso fazer ao menos uma conexão, já que não existem voos diretos.
“Estamos falando de um time grande [Flamengo] contra um time médio [Athletico-PR] em termos de América do Sul. E a logística de transporte no continente é mais complicada do que na Europa, se formos comparar com a Champions”, ponderou Bernardo Pontes, sócio da agência BP Sports e colunista da Máquina do Esporte.
Vulcão e segurança
Há ainda desafios difíceis de prever. Nesta segunda-feira (24), o Instituto Geofísico da Escola Politécnica Nacional (Igepn) do Equador divulgou um aumento de atividade do vulcão Cotopaxi e emitiu alerta amarelo (de média intensidade). Embora fique distante de Guayaquil, uma erupção vulcânica pode até gerar cancelamento de voos, prejudicando a logística da final.
Outro problema das últimas semanas foi a intensificação da violência na cidade, que teve pico no mês passado, desencadeada principalmente pelo narcotráfico. O governo do Equador chegou a decretar estado de exceção, que durou até o último dia 14 de outubro.
O problema ainda não foi resolvido. Nesta terça-feira (25), a repórter Vanessa Robles, da TeleAmazonas, emissora local, sofreu uma tentativa de assalto enquanto fazia um boletim ao vivo em frente ao Estádio Monumental. Os ladrões desistiram do roubo e fugiram de moto ao perceberem que estavam sendo filmados.
Para que não haja problemas semelhantes no dia da final, o governo do país designou 10 mil policiais para fazerem a segurança antes, durante e depois da partida. Esse número é cinco vezes maior do que o número de agentes de segurança que normalmente atuam na cidade.