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Copa do Mundo de Clubes oferece chance de ascensão comercial e esportiva para não-europeus

Torneio pode aproximar clubes do mais alto nível através da internacionalização dentro e fora de campo

Flamengo e Bayern de Munique se enfrentaram nas oitavas de final da Copa do Mundo de Clubes da Fifa 2025 - Gilvan de Souza / Flamengo

A Copa do Mundo de Clubes da Fifa 2025 está movimentando o universo do futebol a partir dos encontros entre equipes de todas as regiões do globo. Mais do que entretenimento para os fãs de futebol, a competição também está sendo uma grande oportunidade para times de fora da Europa se apresentarem para o mundo.

O torneio organizado pela entidade máxima do futebol mundial, que está sendo disputado pela primeira vez nos Estados Unidos, tem colocado em xeque a superioridade europeia e criado oportunidades para clubes de outros continentes se aproximarem do nível praticado no Velho Continente.

Internacionalização de marca

A presença na Copa do Mundo de Clubes da Fifa 2025 garante aos clubes de menor expressão internacional a oportunidade de se expor para além das fronteiras de seus países e, assim, atingir mercados que teriam dificuldade para penetrar.

O fato do torneio ser realizado nos Estados Unidos potencializa os benefícios do contato com novos mercados, por se tratar do maior mercado de esportes do mundo.

As fronteiras superadas e os relacionamentos estabelecidos durante a disputa da Copa do Mundo de Clubes potencializa futuras negociações de patrocínios, já que as equipes devem conquistar maior visibilidade durante a competição. 

O maior potencial comercial se alinha com a chance de ganhar novos consumidores através do bom desempenho dentro de campo. A consequência é a possibilidade de gerar maior receita e assim evoluir o desempenho dentro das quatro linhas.

O novo Mundial surge para os clubes de fora da Europa, portanto, como uma oportunidade de ascensão dentro e fora de campo.

Maior valorização

A relação que os torcedores sul-americanos estabelecem com Mundiais da Fifa também impactam no valor que os clubes da região conferem aos torneios.

Diferente do o que acontece na Europa, o título continental não é a maior conquista que um clube pode ter na visão dos torcedores. Após o título da Libertadores, a conquista do Mundial se torna o objeto de desejo dos fãs. No Velho Continente, por outro lado, levantar a taça da Champions League já é considerado sucesso suficiente.

Neste cenário, a euforia pela Copa do Mundo de Clubes da Fifa cria momentos de grande engajamento para os clubes não-europeus. O período, portanto, é uma terra fértil para ativações de marcas, aumento de vendas e fortalecimento de vínculos.

Torcidas brasileiras

Por conta do grande interesse, os clubes brasileiros costumam ser capazes de levar quantidades relevantes de torcedores para os torneios. Assim como tem ocorrido na Copa do Mundo de Clubes da Fifa, o Mundial tradicional, disputado anualmente, coleciona exemplos.

Em 2012, o Corinthians foi campeão mundial no Japão, com uma vitória por 1 a 0 sobre o Chelsea. Estima-se que mais de 30 mil corintianos atravessaram o mundo para incentivar a equipe. Movimentos semelhantes foram observados em 2019, com o Flamengo, e 2021, com o Palmeiras, no Mundial anual.

Na Copa do Mundo de Clubes não foi diferente. Ciente do interesse de seus torcedores, os clubes chegaram a organizar espaços para recebê-los nos Estados Unidos.

Botafogo, Flamengo, Fluminense e Palmeiras montaram “casas” no país, com ativações que, além de servir como ponto de encontro de seus torcedores, também foram exploradas como uma estratégia para internacionalização de marca.

Fifa x Uefa

A Copa do Mundo de Clubes da Fifa 2025 também tem o potencial de reposicionar os clubes de fora da Europa no cenário internacional de futebol.

Atualmente, a Uefa, federação responsável pelo futebol europeu, organiza as competições que são consideradas com as de maior nível na esfera de clubes, como a Champions League.

Com a criação da Copa do Mundo de Clubes, a Fifa colocou à prova o domínio europeu a partir dos confrontos com equipes de outras regiões. Diferente do formato tradicional dos Mundiais organizados pela entidade, o novo torneio possibilita mais duelos entre diferentes partes do globo.

Neste cenário, vitórias do Botafogo contra o Paris Saint-Germain, campeão da Champions League, e do Flamengo sobre o Chelsea, por exemplo, criam margens para questionamentos acerca da superioridade europeia.

É claro que resultados pontuais não tiram da Europa o status de continente mais avançado no futebol de clubes, mas levanta a possibilidade de que talvez o nível não seja tão mais alto quanto se pensava.

Mais do que isso, politicamente a Fifa ganha poder e dinheiro em regiões que não a Europa, principalmente através de direitos comerciais e de mídia.

O movimento de concentrar mais clubes de todo o mundo em uma só competição segue o caminho oposto ao adotado pela Uefa nos últimos anos. A entidade europeia tem apostado cada vez mais em se isolar do restante do mundo, criando torneios que separam seus clubes e seleções do restante, como acontece com a Liga das Nações, por exemplo.