Os membros do Conselho Deliberativo do Corinthians foram às urnas, na noite desta segunda-feira (25), para escolher de forma indireta o presidente que cumprirá o mandato-tampão à frente do clube que tem a segunda maior torcida do Brasil.
O interino Osmar Stabile, que era vice de Augusto Melo e assumiu o cargo após o impeachment do titular na esteira das denúncias do caso VaideBet, confirmou o favoritismo e foi eleito com amplo apoio dos conselheiros. Ele ficará na presidência até dezembro do ano que vem, quando deverão ocorrer as próximas eleições diretas do clube.
Stabile obteve 199 votos, contra 50 do ex-vice-presidente Antônio Roque Citadini, o segundo colocado na disputa.
André Casto não conseguiu comover os conselheiros com a promessa de um aporte de US$ 1 bilhão (cerca de R$ 5,5 bilhões) a ser feito pelo GSP Banco de Fomento Mercantil, que, apesar desse nome, não é banco, mas sim uma factoring sediada em Goiânia (GO). O candidato terminou na terceira posição, com somente 14 votos.
Houve ainda um conselheiro que votou em branco. Ao todo, 264 pessoas decidiram o futuro do clube na eleição que escolheu Leonardo Pantaleão como vice-presidente do Conselho Deliberativo, com 119 votos, superando Peterson Ruan (75 votos) e Rodrigo Bittar (64).
Pantaleão acumulará a presidência da Comissão de Ética do Conselho Deliberativo, sendo responsável por apurar denúncias envolvendo contratos e gastos envolvendo ex-presidentes e ex-dirigentes.
Fator Tuma Jr.
A vitória avassaladora de Stabile reafirma o poder do presidente do Conselho Deliberativo, Romeu Tuma Jr., na política corintiana.
Ele chegou ao cargo com apoio de Augusto Melo, que acabara de tomar posse na presidência do clube e desfrutava de enorme prestígio político à época.
Nos meses que se seguiram, Tuma Jr. entrou em rota de colisão com o então diretor de futebol Rubens Gomes, mais conhecido como Rubão. Ele havia sido o grande fiador da vitória eleitoral de Melo, que optou por rifar o antigo aliado, na esperança de garantir uma boa relação com o Conselho Deliberativo.
Mas, à medida em que as denúncias envolvendo o contrato de patrocínio máster com a casa de apostas VaideBet foram ganhando força, Melo viu sua base de apoio derreter.
No início deste ano, ele ainda contava com o endosso das torcidas organizadas, só que a relação se deteriorou depois que o presidente se tornou alvo de um inquérito na Polícia Civil e de denúncia do Ministério Público.
Em um pronunciamento feito no Parque São Jorge, após a confirmação do resultado, Tuma Jr. disse que o Corinthians poderia enfim virar a página e deixar o noticiário policial, em uma referência às denúncias envolvendo Melo e outros ex-dirigentes.
Já Stabile pregou união entre oposição e situação para resolver os problemas do clube.
“Queremos planejar o futuro, fazer com que o Corinthians cresça e se organize em todos os departamentos”, afirmou.