O Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) puniu o Corinthians, que terá que disputar um jogo como mandante com portões fechados por conta de cantos homofóbicos proferidos por torcedores durante a partida contra o São Paulo, disputada na Neo Química Arena, no dia 14 de maio. Ainda cabe recurso.
Com isso, estima-se que o clube deve deixar de arrecadar mais de R$ 2 milhões, já que não contará com receitas de bilheteria, vendas de produtos e todas as outras atividades envolvidas na operação do estádio provavelmente no jogo contra o Red Bull Bragantino, válido pelo Campeonato Brasileiro, que está previsto para acontecer no dia 2 de julho.
Até o momento, o Corinthians disputou cinco partidas como mandante no Brasileirão 2023 e conta com uma renda bruta média com bilheteria de R$ 2.428.037,84. O duelo contra o Cuiabá, disputado no último sábado (10), representou a maior arrecadação do clube na competição, com R$ 2.683.557,00 de receita total. Todos os jogos do time na Neo Química Arena pelo Campeonato Brasileiro deste ano renderam mais de R$ 2 milhões.
Receita líquida
Com relação à receita líquida com bilheteria, que representa o que de fato entra nos cofres do clube, o Corinthians tem uma arrecadação média de R$ 1.721.628,22 na competição.
Vale destacar que a média de público da equipe como mandante na Série A de 2023 é de 38.655 pessoas por partida, o que significa que, além da arrecadação com a venda de ingressos, o clube também deixará de faturar com os seus milhares de torcedores que não consumirão produtos e/ou serviços dentro da Neo Química Arena.
Esta foi a primeira punição para um caso de gritos homofóbicos no futebol brasileiro desde que foi implementado o novo Regulamento Geral de Competições da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), que tornou mais severas as condenações para ocorrências do gênero neste ano.
O caso do Corinthians mostra que o cenário está mudando e que atitudes que passavam impunes no ambiente esportivo há alguns anos já não serão mais toleradas. Há uma exigência cada vez maior da sociedade para que medidas efetivas sejam tomadas para combater o preconceito de qualquer natureza.
Entidades esportivas que tenham ações tímidas para punir os culpados por atitudes racistas ou homofóbicas correm o risco de perder patrocínios ou de ver seus ativos serem desvalorizados por conta da crise de imagem. É o que aconteceu, por exemplo, com a LaLiga, após os seguidos episódios de racismo contra o brasileiro Vinícius Júnior, do Real Madrid.
Na América do Sul, a Conmebol enfrenta atualmente muitas críticas, justamente por não adotar medidas mais rigorosas para combater insultos raciais em seus principais torneios, como a Copa Libertadores e a Copa Sul-Americana.
*Estagiário da Máquina do Esporte, sob supervisão de Adalberto Leister Filho