Pular para o conteúdo

Corinthians: Oposição apela a “fim” de ingresso impresso e “oferta bilionária” de banco que não é banco

Conselheiros do clube escolherão o novo presidente na eleição indireta, que será realizada na próxima segunda-feira (25)

André Castro é candidato à presidência do Corinthians - Reprodução / Instagram (@andrecastro78)

O Corinthians tentará, na próxima segunda-feira (25), virar de vez uma das páginas mais dramáticas de sua história e que culminou na cassação de Augusto Melo da presidência do clube, fulminado pelas denúncias envolvendo o contrato com a casa de apostas VaideBet.

Os 299 membros do Conselho Deliberativo aptos a voto escolherão o nome para presidir o time que tem a segunda maior torcida do Brasil, no mandato-tampão que deverá durar até o fim do ano que vem.

Por enquanto, três candidatos se apresentaram para eleição fora de época. O favorito é o presidente interino Osmar Stabile, que era vice na chapa de Melo, mas acabou se afastando do ex-mandatário.

Hoje, ele é muito próximo a Romeu Tuma Jr., presidente do Conselho Deliberativo e atual homem forte do clube.

Os outros candidatos são o ex-vice-presidente Antônio Roque Citadini e o conselheiro André Castro.

Neste mês, para poder se dedicar à disputa, Citadini resolveu antecipar sua saída do cargo de conselheiro no Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCE-SP), que estava prevista para ocorrer em 2 de setembro, quando ele completará 75 anos e acabaria sendo aposentado compulsoriamente.

Castro, por sua vez, foi eleito para o Conselho Deliberativo pela Chapa “Preto no Branco”, que apoiou o ex-presidente Duilio Monteiro Alves e esteve ao lado de André Negão, na última eleição direta do clube.

Como em qualquer disputa política, a eleição indireta do Corinthians também tem suas jogadas de marketing e promessas arrebatadoras.

Para tentar abalar o favoritismo de Osmar Stabile, os candidatos da oposição não têm medido esforços na construção de suas narrativas.

Ingresso impresso

Já faz alguns anos que a política brasileira demonstrou ao mundo que o clamor envolvendo coisas impressas seria capaz de mobilizar uma parcela expressiva do eleitorado.

Voto impresso – situação que já era defendida com afinco pelo falecido ex-governador do Rio Grande do Sul e do Rio de Janeiro Leonel Brizola – representava uma das principais demandas dos manifestantes que invadiram a Praça dos Três Poderes, em Brasília (DF), em 8 de janeiro de 2023, a fim de contestar a derrota de Jair Bolsonaro (PL) para Luiz Inácio Lula da Silva (PT), na disputa pela presidência da República.

A eleição indireta do Corinthians, que ocorre ao mesmo tempo que os julgamentos e condenações de diversos dos envolvidos naqueles atos, também acabou colocando a questão da impressão em pauta, pelas mãos de Roque Citadini, que é opositor do grupo “Renovação e Transparência”, ligado ao ex-presidente Andrés Sanchez e que comandou o clube pelas últimas décadas.

Durante entrevista ao canal do YouTube Boletim Corinthiano, ao comentar sobre a gestão da Neo Química Arena, Citadini prometeu acabar com os ingressos impressos.

“Todos os ingressos têm que ser pela internet. Não existe ingresso impresso. Vou… desde o meu primeiro dia, fica esclarecido: desaparece ingresso impresso”, afirmou.

“Mas ainda existe ingresso impresso?”, questionou o entrevistador Tio Sam.

“Ah, meu filho… A gente nunca sabe”, disse Citadini.

Oferta “bilionária”

Candidato mais jovem na disputa e ligado ao mercado financeiro (atua no escritório Alta Vista, da XP), André Castro, de 46 anos, resolveu acenar com a promessa de um investimento bilionário, caso venha a ser eleito.

Esqueça o patrocínio recorde do fechado pelo Flamengo com a Betano, nesta semana, e que deve render R$ 268 milhões por temporada ao clube rubro-negro, pelos próximos três anos.

O proposta que o candidato André Castro diz ter obtido supera tudo o que já foi falado e sonhado no futebol brasileiro. Segundo ele, o GSP Banco de Fomento Mercantil estaria disposto a investir US$ 1 bilhão no Corinthians, algo hoje em torno de R$ 5,5 bilhões.

O documento trazido pelo candidato era assinado por Carlos César Arruda, CEO da instituição, e previa um repasse imediato de R$ 500 milhões. Mas os aportes viriam apenas em uma eventual vitória de Castro.

Não é banco

Após o anúncio da soma fabulosa, feito pelo candidato nesta quinta-feira (21), o próprio GSP veio a público e se posicionou sobre a história. E passou a ficar claro que as coisas não eram exatamente como aparentavam ser.

A começar pelo fato de que o GSP, apesar do nome fantasia que possui, não é um banco. Ele não está registrado junto ao Banco Central (BC) para operar com essa finalidade.

Na verdade, o GSP atua como factoring, operação financeira em que ele antecipa parte dos valores de dívidas que empresas têm a receber, em troca de poder cobrar esses débitos no futuro.

O GSP Gestão de Crédito e Desenvolvimento Mercantil Ltda. foi fundado em 2010 e está sediado em Goiânia (GO). Seu capital social declarado era de R$ 6.570.893.330,13, em 2022.

No comunicado, o GSP informa que o o investimento bilionário ocorrerá em caso de vitória de Castro, mas não usará recursos próprios da empresa, que pretende buscar os valores no mercado.

“Esclarecemos que o aporte financeiro será realizado conforme o projeto de investimentos, riscos e retorno previstos. Dessa forma, será captado o valor descrito em nossa nota oficial”, informa o GSP.