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Crise institucional do Botafogo aumenta com ação da Eagle Football contra SAF e John Textor

Decisão da Justiça do Rio de Janeiro revela tentativa da holding de barrar decisões em favor do norte-americano

John Textor, dono da SAF do Botafogo, comemora a vitória sobre o PSG na Copa do Mundo de Clubes - Vitor Silva / Botafogo

John Textor, dono da SAF do Botafogo, comemora vitória do time carioca sobre o PSG na Copa do Mundo de Clubes - Vítor Silva / Botafogo

A disputa societária entre a holding Eagle Football e a Sociedade Anônima do Futebol (SAF) do Botafogo ganhou novos contornos judiciais. A Eagle ingressou com uma ação cautelar na 2ª Vara Empresarial da Comarca da Capital do Rio de Janeiro para suspender decisões tomadas por John Textor sem a anuência dos demais sócios.

O conflito judicial ocorre em meio à crise detonada pelo quase rebaixamento do Lyon e a tentativa de recompra da SAF alvinegra pelo empresário norte-americano.

A manifestação da Justiça do Rio de Janeiro foi noticiada pelo jornal O Globo e confirmada pela Máquina do Esporte, que obteve uma cópia da decisão.

Eagle ataca

No processo, os advogados da Eagle pedem que a Justiça suspenda os efeitos da Assembleia Geral Extraordinária (AGE) e da reunião do Conselho de Administração (RCA) do Botafogo, ambas realizadas em 17 de julho.

A empresa também solicita que o Glorioso seja impedido de realizar novos atos societários sem a representação da Eagle Bidco, além de barrar a emissão de novas ações e contratos com empresas ligadas a Textor.

O juiz Marcelo Mondego de Carvalho Lima, responsável pelo caso, contou que a Eagle Football também pretende proibir a “emissão e o registro de quaisquer novas ações pelo Botafogo” e “a proibição de contratação, pelo Botafogo, de forma direta ou indireta, com quaisquer empresas de John Charles Textor ou de pessoas, físicas ou jurídicas, a ele relacionadas” até que o caso seja julgado.

Varas

Lima também destacou que o conflito já está sendo discutido em outro processo na 3ª Vara Empresarial, movido pela própria SAF do Botafogo, que obteve uma liminar favorável para embargar as ações da Eagle na SAF. Em seu despacho, o juiz deu um prazo de cinco dias para que os réus se manifestem sobre as questões da liminar.

A disputa entre Textor e seus ex-sócios da Eagle, do qual fazem parte o fundo Ares e a empresária Michelle Kang, atual mandatária do Lyon, agravou-se após o clube quase ser rebaixado à segunda divisão da França.

A Direção Nacional de Controle e Gestão (DNCG) havia condenado o Lyon a um rebaixamento administrativo pelo fato de o time francês não haver apresentado garantias financeiras de suas operações, além de Textor não ter obtido fundos para compor um investimento de € 100 milhões para a aquisição da equipe.

Como forma de gerir a crise, Textor aceitou deixar o comando do Lyon, que passou para as mãos de Kang. Sob nova direção, o time do sudeste da França teve o recurso acatado e se salvou da degola.

Negócios

Textor estaria tentando ganhar tempo para levantar recursos para recomprar a SAF do Botafogo. No entanto, seus ex-sócios se recusam a negociar com o empresário, alegando conflito de interesses por atuar como comprador e vendedor do ativo.

Uma das saídas seria um aporte financeiro de Evangelos Marinakis, dono de uma rede multiclubes capitaneada pelo Nottingham Forest, da Inglaterra. Recentemente, o empresário grego realizou vários negócios com Textor, como as contratações do zagueiro Jair e do atacante Igor Jesus para o Forest, e a venda do volante Danilo ao Botafogo.

Nos últimos dias, porém, os advogados de Marinakis negaram que o empresário esteja cogitando entrar na negocição de Textor pela recompra do Botafogo.

“Nosso cliente nos informa que não tem nenhum negócio com o Sr. Textor. Não há empréstimo, financiamento ou cooperação em torno de ações do Botafogo, propriedade do Botafogo ou constituição de veículos de investimento”, afirmou a nota do escritório que presta serviços a Marinakis.

Do outro lado do Oceano Atlântico, a batalha jurídica ainda terá novos capítulos, com a definição sobre qual vara, se a 2ª ou a 3ª, será responsável por julgar o imbróglio.

A decisão sobre o caso pode mudar os rumos da gestão do Botafogo, atual campeão do Brasileirão e da Libertadores e visto, até o momento, como a mais bem-sucedida SAF implantada no futebol nacional.