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Crise no São Paulo por venda clandestina de camarote não afeta relação com patrocinadores

Elgin e Ademicon dizem que mantêm investimentos; New Balance e Superbet não comentam tema

Vista do Estádio do Morumbis, casa do São Paulo - Reprodução / Instagram (@saopaulofc)

Vista do Estádio do Morumbis, casa do São Paulo - Reprodução / Instagram (@saopaulofc)

A crise institucional do São Paulo não afetou, pelo menos por enquanto, a relação do clube com seus principais patrocinadores. New Balance, Superbet, Elgin e Ademicon não pretendem tomar nenhuma atitude em relação ao contrato com o Tricolor após a revelação de um esquema de comercialização ilegal de camarote no Morumbis em dia de shows, com participação de membros da diretoria.

Áudios vazados, obtidos pelo GE, mostram conversa de Douglas Schwartzmann, diretor adjunto de futebol de base do São Paulo, com uma intermediária sobre o possível envolvimento de Mara Casares, ex-esposa do presidente Julio Casares e diretora feminina, cultural e de eventos, na venda de lugares do camarote 3A, que fica em frente ao escritório da presidência do clube. A dirigente também participa da conversa.

Por conta do escândalo, Schwartzmann e Mara pediram licença de seus cargos. Na gravação, o diretor da base diz que a ex-mulher de Casares recebeu o camarote do superintendente Marcio Carlomagno e comercializou ingressos para o show da Shakira, em fevereiro. Carlomagno é apontado como o principal nome da situação para suceder Casares na próxima eleição à presidência do São Paulo, marcada para 2026.

“O São Paulo Futebol Clube informa que tomou conhecimento do conteúdo do áudio por meio da imprensa e que realizará a devida apuração dos fatos. Com base nessa análise, o clube adotará as medidas que se mostrarem necessárias”, afirmou o Tricolor Paulista, em comunicado divulgado pela manhã.

Patrocinadores

Ouvidos pela Máquina do Esporte, alguns patrocinadores preferiram não se pronunciar. Outros responderam que o escândalo não interfere nos contratos atuais.

A Elgin, que ocupa a área do esterno na camisa, informou que o episódio “não afeta o patrocínio da Elgin ao clube de forma alguma”. O vínculo atual da marca de climatização e refrigeração, iniciado no começo do ano, vai até o final de 2026.

Já a Ademicon, que tem contrato com o São Paulo até 2030, ano do centenário do clube, adota o tom de se manter fiel ao contrato. A administradora independente de consórcios iniciou parceria comercial com o Tricolor em setembro de 2023.

“A Ademicon está acompanhando de perto a situação, mas no momento, não afeta da relação da empresa com o clube”, destacou a empresa que ocupa propriedade na parte esquerda do peito da camisa.

Procuradas, New Balance e Superbet não se pronunciaram. A marca de material esportivo se tornou fornecedora do clube em 2024, em contrato que vai até o final de 2027. Pelo acordo, o Tricolor tem exclusividade com a empresa no Brasil até o final do ano. De fato, em 2026, a empresa passará a vestir também o Grêmio.

A patrocinadora máster do Tricolor, por sua vez, renovou em abril o contrato com o time até o final de 2030 e é outra empresa que garantiu lugar na camisa no ano do centenário do São Paulo.

Segundo a Máquina do Esporte apurou, não há intenção da casa de apostas deixar o clube por conta do escândalo que atingiu membros da diretoria. A empresa de apostas, aliás, também é dona de camarote no Morumbis.

FIDC

Gestora do Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC) do São Paulo, ao lado da Galapagos Capital, a OutField Ventures adota tom de cautela, embora acredite que o incidente não irá interferir na iniciativa com o clube. O FIDC tem como objetivo substituir dívidas do clube com bancos por uma única operação estruturada. O fundo busca captar R$ 240 milhões no mercado.

“Com certeza, o caso tem que ser apurado. A gente ainda não entendeu exatamente o que aconteceu. O clube deve estar apurando e agora é aguardar que medidas vão tomar, caso comprove que houve coisas erradas”, afirma Pedro Oliveira, cofundador da OutField, em entrevista à Máquina do Esporte.

“Muito do nosso trabalho é criar uma estrutura que funcione para que o investidor esteja seguro em alocar o capital dentro desse tipo de oportunidade de investimento”, completa o executivo.