Decisão sobre sites de apostas deverá inflacionar propriedades menores de patrocínio na Premier League

Site de apostas Sportsbet.io é o atual patrocinador máster do Southampton - Reprodução / Twitter (@SouthamptonFC)

A opção pela proibição de sites de apostas como patrocinadores másteres dos clubes da Premier League no final da semana passada deverá inflacionar os valores das demais propriedades de patrocínio das camisas da principal liga nacional de futebol do planeta.

De acordo com a plataforma de avaliação de patrocínios Turnstile, sem poder aparecer no espaço principal das camisas, os sites de apostas deverão recorrer a outros espaços, como as mangas, os uniformes de treinamento e placas de publicidade. Essa mudança de foco deverá fazer com que os valores de todas essas propriedades aumentem.

“Prevemos que a proibição de patrocínio de apostas da frente das camisas aumentará o valor de outros ativos importantes de patrocínio, como as mangas, o uniforme de treinamento e as placas de publicidade”, revelou Dan Gaunt, gerente geral da Turnstile, em entrevista ao site britânico SportsPro Media.

“Com um número reduzido de ativos premium disponíveis, haverá, sem dúvida, um aumento da tensão competitiva para os ativos que ainda estão em oferta, o que aumentará o valor geral do negócio. E o oposto pode ser dito para o valor da oferta da frente da camisa, embora o impacto disso provavelmente seja sentido apenas nos clubes menores que, tradicionalmente, têm sido mais dependentes da categoria de apostas. Se olharmos para a liga como um todo, esperamos ver alguma convergência entre os valores másteres e das mangas”, acrescentou.

Segundo o jornal britânico The Times, os clubes da Premier League obtêm entre £ 5 milhões e £ 10 milhões com receitas de patrocínio “secundários” por temporada. Esses valores deverão aumentar, mesmo com o fato de o patrocínio de manga, por exemplo, entregar cerca de 60% de exposição em relação ao espaço máster, de acordo com Dan Gaunt. Algo parecido também ocorre com as placas de publicidade.

“Se uma marca comprar cerca de nove minutos de tempo nas placas de led, ela alcançará uma quantidade semelhante de tempo de tela com relação ao patrocínio na frente da camisa, mas com a vantagem adicional de poder servir uma mensagem criativa mais detalhada para aqueles que estejam assistindo em casa ou no estádio”, destacou o gerente geral da Turnstile.

A decisão

A opção pela proibição foi tomada após discussões entre os clubes, a Premier League e o Departamento de Cultura, Mídia e Esporte (DCMS) do Reino Unido, e entrará em vigor a partir da temporada 2026/2027.

Atualmente, dos 20 clubes que disputam a Premier League, oito possuem patrocínio máster de um site de apostas. A lista conta com Bournemouth (Dafabet), Brentford (Hollywood Bets), Everton (Stake.com), Fulham (W88), Leeds United (Sbotop), Newcastle (Fun88), Southampton (Sportsbet.io) e West Ham (Betway). Todos terão o restante da atual temporada e as próximas três para conseguir outros parceiros.

Inovação e criatividade

Na entrevista ao site SportsPro Media, Dan Gaunt ainda afirmou que a proibição acabará impulsionando “a inovação e a criatividade” dos clubes, uma vez que terão que parar de enxergar o setor de apostas como uma espécie de “vaca leiteira”, ou seja, uma maneira rápida e eficaz para obtenção de receita.

“A proibição de uma grande categoria de adquirir o ativo principal de um patrocínio deve ter um impacto comercial, principalmente no curto prazo. No entanto, os clubes terão tempo para se preparar para isso, o que impulsionará a criatividade e a inovação, em vez de depender da indústria de apostas”, declarou o executivo.

“Parte comercial à parte, isso me parece absolutamente o movimento certo do ponto de vista da responsabilidade social corporativa”, finalizou.

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