Dissidentes da Libra criam Liga Forte Futebol para negociar patrocínios e direitos de TV

Os 25 clubes que não aderiram à Libra, a Liga Brasileira de Clubes, criada no início de maio, formalizaram união com a criação da Liga Forte Futebol do Brasil. A ata de constituição da nova liga foi assinada nesta terça-feira (28) durante reunião realizada no Rio de Janeiro.

Esse bloco já havia sido constituído no início do mês. No entanto, ainda faltava a constituição de um estatuto e a formalização da união do grupo, que aconteceu nesta terça-feira (28). O documento havia ficado a cargo da Alvarez & Marsal (escritório de advocacia) e da LiveMode (empresa de streaming), contratadas pelos clubes para formalizar a proposta da liga.

A definir

Segundo a Máquina do Esporte apurou, o estatuto da nova liga não conta com um anexo sobre a divisão de recursos de direitos de transmissão e patrocínios. Essa divisão será desenvolvida pelas empresas contratadas pelos clubes integrantes da liga (Alvarez & Marsal e LiveMode) e pelos executivos que ainda serão contratados pelo grupo de clubes.

A ideia é que, formalizada como será essa divisão de receitas, ela só possa ser alterada com a aprovação unânime dos clubes. Ou seja, ao chegar a um consenso sobre distribuição da arrecadação da liga, essa regra dificilmente mudaria.

Apesar da aparência de divisão entre os principais times do futebol brasileiro, dirigentes consultados pela Máquina do Esporte garantiram que a intenção é que haja a união da Liga Forte Futebol do Brasil com a Libra para a criação de uma só liga.

Maioria de clubes

Conforme divulgaram os organizadores, a Liga Forte Futebol possui a participação de 62,5% dos clubes das Séries A e B do Campeonato Brasileiro. O grupo é integrado por: Athletico-PR, Atlético-MG, América-MG, Atlético-GO, Avaí, Brusque, Chapecoense, Coritiba, Ceará, Criciúma, CRB, CSA, Cuiabá, Fluminense, Fortaleza, Goiás, Internacional, Juventude, Londrina, Náutico, Operário-PR, Sampaio Corrêa, Sport, Vila Nova e Tombense.

O grupo que está na Libra atualmente conta com 13 equipes: Botafogo, Cruzeiro, Corinthians, Flamengo, Guarani, Ituano, Novorizontino, Palmeiras, Ponte Preta, Red Bull Bragantino, Santos, São Paulo e Vasco.

Grêmio e Bahia permanecem neutros nesta disputa de poder. O time gaúcho chegou a divulgar intenção de aderir à Libra, mas não oficializou a entrada.

Divergência

O bloco não aderiu à Libra por não estar satisfeito com a proposta de divisão de verbas do estatuto da entidade. O grupo pedia uma alteração mais drástica no modelo atual, com menos desigualdade entre o time que recebe mais e o que aufere menos dinheiro da arrecadação de direitos de transmissão e patrocínios do Campeonato Brasileiro.

A ideia, desse grupo, ainda não formalizada em seu estatuto, é que a divisão seja no modelo 50-25-25, semelhante à da Premier League, o que significa que 50% da receita seria distribuída igualmente entre os clubes, 25% por desempenho e 25% por audiência. Os clubes também pedem que não haja tanta disparidade entre os times com maior e menor remuneração.  

Já a Libra propõe que a partilha seja de 40% de maneira igualitária, 30% por performance e 30% por engajamento, com cinco critérios: média de público nos estádios, base de assinantes de cada time no streaming, número de seguidores nas redes sociais, audiência na TV aberta e tamanho da torcida. 

Até esse último critério gerou controvérsia entre os clubes dissidentes, que o consideraram subjetivo, já que seria possível comprar seguidores nas redes sociais e não ficou claro como seria definido o tamanho de cada torcida. 

Série B

Outra reivindicação dos clubes dissidentes é que sejam destinados 20% da arrecadação para os times da Série B do Brasileirão. Na proposta do estatuto da Libra, essa parcela é de 15%. 

Inicialmente, esses grupo de 25 times havia realizado uma reunião no Rio de Janeiro e nomeado uma comissão de seis representantes para negociar uma possível adesão à Libra. No entanto, não houve avanço nas conversas por três semanas. Uma reunião nem chegou a ser agendada entre as partes, o que gerou a divisão atual entre os principais clubes do Brasil.

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