O consórcio BlueCo parece mesmo ter tomado gosto pelo investimento no futebol. Depois de adquirir o Chelsea do magnata russo Roman Abramovich (que teve de se desfazer do time inglês no ano passado, em meio às sanções impostas ao seu país natal por conta da Guerra na Ucrânia), o conglomerado norte-americano acaba de anunciar um acordo para se tornar acionista majoritário do Racing Club Strasbourg, da França.
Com a confirmação do negócio, o grupo proprietário do Chelsea inicia seu projeto multiclube, seguindo o caminho adotado por outras empresas, inclusive algumas com investimento no Brasil, caso da Eagle Football Holdings, de John Textor, proprietário do Botafogo e de diversos outros times ao redor do planeta.
Maior acionista e presidente do RC Strasbourg desde 2012, o ex-jogador francês Marc Keller firmou um acordo com o presidente do Chelsea, Todd Boehly, que integra, ao lado da Clearlake Capital, o consórcio que comprou o clube inglês no ano passado.
Clube já foi campeão francês
Sediado na capital do departamento do Baixo Reno, no noroeste da França (próximo à divisa com a Alemanha), o Racing Club Strasbourg disputa a Ligue 1 desde a temporada 2017/2018.
O clube foi fundado em 1906, época em que a cidade de Estrasburgo, parte da antiga região da Alsácia-Lorena, ainda pertencia ao Império Alemão. Seu primeiro nome foi FC Neudorf. A partir de 1919, quando a França anexou o território após derrotar a Alemanha na Primeira Guerra Mundial, o time adotou a denominação de RC Strasbourg Neudorf. De 1940 a 1944, quando a cidade voltou ao domínio alemão, a equipe passou a ser chamada de Rasensportclub Straßburg.
Em sua história centenária afetada pela geopolítica e marcada pelas trocas de nomes, o RC Strasbourg alcançou participações importantes em competições francesas e europeias, tendo chegado às quartas de final da Taça das Cidades com Feiras (nome que era dado ao torneio precursor da Europa League) e conquistado três Copas da França e um Campeonato Francês, em 1978/1979, quando se chamava Pierrots de Strausbourg.
Em 1997, o clube teve 49% de seu controle acionário adquirido pelo International Management Group (IMG). Inicialmente, o Strasbourg conseguiu melhorar seu desempenho em campo, chegando a conquistar a Copa da França de 2001 (sua terceira taça nessa competição).
No ano seguinte, no entanto, acabou sendo rebaixado para a segunda divisão. Mesmo com o acesso obtido rapidamente, o grupo IMG decidiu vender sua participação no RC Strasbourg a investidores locais.
A partir daí, veio o declínio financeiro, que se refletiu nos gramados, com sucessivas quedas de divisão. Em 2011, enfrentando sérios problemas contábeis, o clube entrou em processo de liquidação. Apenas em 2016, recuperaria o status de profissional, sendo aceito na Ligue 2.