Em meio às fortes discussões suscitadas pelos casos de violência sexual envolvendo os jogadores de futebol Robinho e Daniel Alves, o Bahia resolveu utilizar uma abordagem mais incisiva para combater a cultura do estupro.
Em um vídeo divulgado em suas redes sociais nesta sexta-feira (22), o clube utiliza cenas impactantes de um cômodo desarrumado (similar a um cativeiro), onde uma atriz aparece acordando dentro de uma banheira velha, que vai sendo enchida de água e, consequentemente, sufocando-a, sem que ela consiga deixar o local. Mãos e braços masculinos aparecem a todo instante, gerando a sensação de ameaça.
Ao longo do vídeo, surgem diversas frases machistas e misóginas proferidas em off, justificando situações de abuso e responsabilizando as vítimas pela violência sexual que sofreram.
“Se você pensa e tem atitudes machistas, você alimenta uma cultura: a cultura do estupro”, afirma uma voz feminina no desfecho do vídeo, que é concluído com o slogan “A culpa é sua. O corpo não”.
“O Esporte Clube Bahia levanta sua voz contra a cultura do estupro e convida o mundo do futebol a ingressar nesse debate”, explica a legenda.
Nesta semana, dois casos de estupros cometidos por jogadores brasileiros famosos despertaram muita discussão no país e no exterior. Um deles envolve o lateral-direito Daniel Alves, que iniciou sua carreira no próprio Bahia e está preso, desde o ano passado, acusado de abusar sexualmente de uma mulher em uma boate na Espanha.
Mesmo tendo sido condenado a quatro anos e meio de prisão, ele conseguiu nesta semana o benefício de permanecer em liberdade condicional até que seu recurso seja julgado pela Justiça da Espanha, mediante o pagamento de uma fiança de € 1 milhão (cerca de R$ 5,41 milhões, pela cotação atual).
Em fevereiro, quando saiu a sentença condenatória, Daniel Alves contou com o apoio providencial da família do jogador Neymar, seu amigo, para pagar uma indenização de € 150 mil (em torno R$ 810 mil) por danos morais e físicos.
Outro caso que gerou discussão nesta semana envolve o ex-jogador Robinho, do Santos e do Milan, acusado de participar do estupro coletivo de uma jovem albanesa na Itália, em 2013.
Condenado pela Justiça do país europeu, o atacante conseguiu se safar da pena de nove anos de prisão, pois conseguiu retornar para o Brasil antes de ser detido.
Até então, a legislação brasileira não permitia a extradição de cidadãos do país nesse tipo de caso. Nesta quinta-feira (21), porém, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu que Robinho deveria cumprir a pena no Brasil. Ele está preso na Penitenciária de Tremembé (SP).