Enquanto lança projeto bilionário para modernizar Camp Nou, Barcelona encerra a Barça TV

Joan Laporta é o atual presidente do Barcelona - Reprodução / Twitter (@FCBarcelona)

Os últimos dias têm sido agitados e repletos de novidades no Barcelona. Na mesma semana em que o clube catalão anunciou a decisão de encerrar, depois de 24 anos, a Barça TV, seu canal próprio de televisão, também foi lançado o projeto bilionário de recuperação financeira e de modernização do Estádio Camp Nou, cujos naming rights pertencem, desde meados do ano passado, ao serviço de streaming de música Spotify.

O Barcelona informou à operadora TBSC Telefónica que não renovará o contrato para manter a Barça TV no ar. Com isso, o canal deixará de funcionar a partir do próximo dia 30 de junho.

Alguns veículos atribuem a decisão à crise financeira que o Barcelona enfrenta nos últimos anos, resultado dos reflexos da pandemia de Covid-19 e de problemas de gestão, que levaram a agremiação a anunciar, em 2021, um prejuízo recorde de € 481 milhões.

Na prática, porém, a notícia do encerramento do canal próprio ocorre na mesma semana em que o Barcelona anunciou a concretização do financiamento do Espai Barça (Espaço Barça, em catalão), considerado o maior projeto financeiro da história do clube, no valor de € 1,45 bilhão.

Spotify Camp Nou

Do total de € 1,45 bilhão arrecadado na operação financeira, aproximadamente € 1,07 bilhão será destinado ao Spotify Camp Nou. A expectativa é de que o trabalho de modernização do estádio tenha início em meados deste ano.

“A operação Espai Barça começou quando o atual Conselho de Administração tomou posse há dois anos”, disse Eduard Romeu, vice-presidente de finanças do clube.

Por sua vez, a diretora corporativa do clube, Maribel Meléndez, acrescentou que o trabalho começou a partir do momento em que o referendo foi aprovado.

“Em janeiro-fevereiro de 2022, já estávamos visitando investidores e realizando reuniões com agências de rating. Nada foi improvisado. Trabalhamos tão duro para promover a marca Barça que alguns dos investidores se tornaram membros”, afirmou.

Na coletiva de imprensa em que o projeto foi apresentado, os dirigentes afirmaram que “custos e juros de construção durante a obra não hipotecarão o estádio, não implicarão qualquer garantia de dívida do clube e terão zero efeito sobre os poderes de decisão do clube, entre outros assuntos”.

Gestores também explicaram que o pagamento do financiamento foi dividido em períodos de cinco, sete e nove anos (com uma opção de refinanciamento) e 20 e 24 anos, com juro líquido médio de 5,53% e uma estrutura flexível, incluindo um período de carência.

O Barcelona começará a reembolsar a operação assim que as obras do estádio forem concluídas, usando a receita gerada pelo próprio Spotify Camp Nou, que está prevista em cerca de € 247 milhões.

Futuro da Barça TV

O fechamento da Barça TV afetará as operações do canal na televisão aberta e também no Movistar+ e na Orange. Isso não significa que o clube deixará de investir na produção e veiculação de conteúdos próprios. A ideia no momento, segundo o site espanhol Mundo Deportivo, é concentrar os esforços na plataforma de streaming.

A estimativa é de que, atualmente, a operação da Barça TV nos moldes atuais, utilizando cerca de 150 funcionários pagos pela Telefónica, além de outros 14 contratados pelo próprio Barcelona, daria prejuízo anual de € 13 milhões, valor que pode ser considerado pequeno diante dos números apresentados no projeto que envolve o Camp Nou. Em todo caso, essa quantia é contestada pelos trabalhadores que serão demitidos em decorrência dessa decisão. Eles alegam que as perdas seriam de € 6 milhões, em média.

Em 31 de dezembro de 2022, esse profissionais iniciaram uma greve, denunciando condições cada vez mais precárias de trabalho. A mobilização durou até meados de fevereiro deste ano, quando os funcionários chegaram a um acordo com a Barça TV.

A imprensa espanhola relaciona esse movimento drástico feito pelo clube catalão na Barça TV aos novos parâmetros de fair play financeiro da LaLiga, que vêm forçando o Barcelona a realizar uma redução de custos na casa dos € 200 milhões.

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