Enquanto Sport Promotion agoniza, Brax amplia influência no futebol brasileiro

A crise da Sport Promotion, escancarada pela recuperação judicial da Equipe Sport, reafirmou o domínio da Brax no futebol brasileiro. Se no ano passado, com as bênçãos da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), a empresa já possuía a liderança na publicidade estática nos estádios, atualmente estendeu ainda mais seus tentáculos para arrebatar algumas das principais competições do país.

O avanço do poderio da Brax fica evidente quando se observa o histórico da derrocada de sua ex-concorrente. A agonia da Sport Promotion teve início em março do ano passado, quando, estimulados pela CBF, 11 clubes do Campeonato Brasileiro da Série A resolveram romper com a agência da Equipe Sport e fechar com a Brax.

Considerando-se que a competição tem 20 clubes e oito deles permaneceram com a Sport Promotion, a situação aparentava estar equilibrada e caminhando para uma guerra de trincheiras de longa duração. No fim das contas, porém, a fatura acabou sendo definida de maneira célere em favor da nova player do mercado, que surgiu da fusão de outras três empresas especializadas em comercialização e montagem de placas de publicidade em campos de futebol: Esportecom, Market Sport e Printac.

Quase tudo dominado

Atualmente, a Brax possui contrato com 17 equipes da Série A e com os 20 da Série B. A empresa também dominou o Campeonato Carioca, a Copa do Nordeste e ainda conseguiu a proeza de desbancar a Klefer e tornar-se a detentora dos direitos comerciais da Copa do Brasil, que neste ano anunciou um prêmio recorde de quase R$ 92 milhões ao campeão. Em 2022, o Flamengo, vencedor da competição, faturou um total de R$ 76 milhões.

Também neste caso, o pedido de divórcio feito pela CBF em favor da Brax teve momentos traumáticos. O auge foi a tentativa de captura das redes sociais da Copa do Brasil pela Klefer, que pretendia manter os perfis sob seu domínio, mas com outros nomes. A polêmica resultou em uma notificação extrajudicial feita pela entidade máxima do futebol brasileiro, tentando reaver o controle das páginas.

Divisão do bolo

Para iniciar sua invasão no futebol brasileiro, a Brax soube se aproveitar, em um primeiro momento, de um antigo alarido de grandes clubes brasileiros contra supostos (ou evidentes, dependendo do ponto de vista) privilégios financeiros que seriam desfrutados por Flamengo e Corinthians, os dois times de maior torcida do país. Nos últimos anos, essas equipes vinham garfando a maior fatia da verba publicitária do Campeonato Brasileiro.

A queda da Sport Promotion teve início justamente com a debandada de nove clubes da Liga Forte Futebol (LFF), que defende uma divisão mais igualitária dos direitos de transmissão da competição. O fim da disparidade dos valores pagos pela publicidade estática foi o principal argumento utilizado pela Brax para seduzir as equipes rebeldes.

Com o intuito de faturar a concorrência para explorar o serviço, a Sport Promotion, em 2018, inicialmente centrou seus esforços em Flamengo e Corinthians, chegando a adiantar R$ 12 milhões a cada um. A empresa venceu a licitação feita pela CBF, mas Athletico-PR e Palmeiras recusaram-se a assinar o contrato. Mais tarde, a empresa chegou a um acordo com o time paulista, que passou a usufruir de condições mais vantajosas em comparação à maioria dos concorrentes.

Trio rebelde

Com a chegada da Brax no ano passado, o Athletico-PR, que é membro da LFF, foi um dos primeiros a aderir à nova parceira. Atlético-MG e Fluminense, que integram a Liga do Futebol Brasileiro (Libra), também fizeram parte dessa leva inicial. À época, a estimativa era de que, nesse contrato, cada time receberia em torno de R$ 5 milhões pela exploração comercial dos 19 jogos em casa pelo Brasileirão.

Com o passar dos meses, vários integrantes da Libra fecharam com a Brax. Atualmente, segundo informações da própria empresa, apenas Flamengo, Corinthians e Palmeiras não migraram para a agência.

À Máquina do Esporte, a Brax afirmou que, no momento, não existe qualquer negociação com os três clubes. Por outro lado, a empresa admitiu que nutre a expectativa de, algum dia, chegar a um acordo com o trio.

Sair da versão mobile