O empresário norte-americano John Textor, dono da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) do Botafogo, é conhecido por seu jeito polêmico, que muitas vezes lembra os folclóricos cartolas brasileiros.
Nos últimos tempos, o investidor viu-se envolvido em imbróglios jurídicos e financeiros relacionados não apenas à Estrela Solitária, mas ao Lyon, clube do qual ele foi afastado na França, como parte do acordo que evitou o rebaixamento da equipe afundada em dívidas.
Ame-se ou odeie-se Textor, não se pode negar que ele é uma pessoa, por assim dizer, destemida nos negócios.
Enquanto muitos em seu lugar estariam focados em colocar a casa em ordem e solucionar a disputa judicial e empresarial travada com os sócios da Eagle Football Holdings, que tentam lançá-lo para fora do negócio nos clubes, o norte-americano prefere ignorar os riscos e “dobrar a meta”.
Nesta semana, segundo o site The Athletic, do The New York Times, Textor começou a se movimentar publicamente a fim de voltar a ter uma equipe na Premier League, competição nacional de futebol mais rica e badalada do planeta.
O alvo de Textor é o Wolverhampton, que, desde 2016, pertence ao Fousun Group, da China. O empresário se dispõe a pagar US$ 550 milhões pela equipe, dos quais US$ 200 milhões seriam em dinheiro.
Quanto aos US$ 350 milhões restantes, ele quitaria entregando ações da Eagle ao conglomerado chinês. Vale lembrar que a própria empresa de Textor é alvo de uma disputa entre ele e os sócios, em especial a sul-coreana Michele Kang, atual gestora do Lyon, e a Ares Management, que emprestou US$ 450 milhões para que o empresário adquirisse o clube da Ligue 1.
Recentemente, o norte-americano criou outra empresa chamada Eagle, nas Ilhas Cayman, e tentou transferir para ela o controle do Botafogo e do Daring, da Bélgica. Com essa manobra, o empresário buscava deixar as duas equipes fora do alcance dos sócios do conglomerado principal.
Apesar de haver recebido o aval do Botafogo associativo para implementar a ideia, Textor sofreu uma derrota parcial na Justiça do Rio de Janeiro, que o manteve à frente da SAF, mas anulou a reunião que autorizava a transferência de ativos da Sociedade Anônima para outra controladora.
Ou seja, na prática, Textor é o dono dos clubes, mas não pode dispor de seus bens. A situação tende a se tornar um empecilho para que o empresário concretize esse “negócio da China” e volte a possuir um clube na Premier League.
Ele era um dos sócios do Crystal Palace, mas vendeu sua cota de 43% das ações para Woody Johnson, dono do New York Jets, da NFL, por £ 190 milhões.
A venda da participação no clube fazia parte da estratégia de Textor para viabilizar a compra do Everton, que acabou indo parar nas mãos do Friedkin Group.
O Wolverhampton ocupa atualmente a lanterna da Premier League 2025/2026, com apenas dois pontos obtidos em nove partidas disputadas.
