A CBF estuda antecipar os Estaduais para o início de janeiro em 2025 como forma de poder paralisar o Campeonato Brasileiro durante a disputa do Super Mundial de Clubes da Fifa, marcado para acontecer entre 15 de junho e 13 de julho. Mas o que isso implica para clubes, federações e campeonatos?
Segundo a Máquina do Esporte apurou, a ideia da CBF seria apenas uma proposta, entre outras, para conseguir adequar o já apertado calendário do futebol com a chegada de mais uma competição, de quase um mês de disputa, durante a próxima temporada.
“Com essa mudança, a CBF acaba com a pré-temporada dos clubes. E isso pode prejudicar o desempenho do time ao longo do ano”, critica um dirigente, que pediu anonimato.
De fato, com os Estaduais iniciando de maneira precoce, os elencos dos principais times não terão um período adequado de descanso e a preparação física, que normalmente ocorre no início da temporada, ficará prejudicada.
É esperado que o desempenho esportivo dos clubes fique abaixo do esperado no início dos estaduais. Outro risco é o aparecimento de muitas lesões, pois os jogadores não estarão aptos fisicamente a aguentar a carga que o duríssimo calendário de jogos e treinos impõe.
Estaduais
A proposta da CBF, porém, já chegou às federações estaduais, que irão aexaminar o tema nos próximos dias. Na Federação Paulista de Futebol (FPF), o projeto deve ser discutido na próxima reunião do Conselho Técnico do Paulistão, com a presença dos presidentes dos clubes.
O posicionamento dos times de São Paulo terá muito peso em relação ao que fazer com o calendário do ano que vem. O Estado pode ter até sete equipes na Série A em 2025, ou 35% dos clubes, uma representatividade recorde na era dos pontos corridos.
Se as Séries A e B terminassem hoje, Corinthians, Palmeiras, Red Bull Bragantino e São Paulo se manteriam na elite. Por outro lado, o Estado teria o acesso de Santos, Novorizontino e Mirassol.
No Cariocão, segundo campeonato estadual mais importante do país, o assunto ainda será discutido pelos dirigentes. Não há ainda um posicionamento oficial, embora a tendência é que os times envolvidos no Super Mundial (Flamengo, Fluminense e Botafogo, caso ganhe a Libertadores 2024) sejam favoráveis à ideia, enquanto outros times se posicionem contra.
As 16 datas dos Estaduais serão mantidas nos próximos anos, até porque já houve negociação para um novo ciclo de direitos de TV de torneios como o Paulistão, por exemplo, que renovou com a Record até 2029.
Segundo a Máquina do Esporte apurou, aliás, a Record não vê com bons olhos ficar um mês inteiro sem futebol em sua grade de programação. A emissora paulista adquiriu os direitos de TV de Paulistão e Brasileirão (pacote dos times da Liga Forte União) e comemorava o fato de ter jogos durante toda a temporada do futebol.
Há alguns meses, em reunião da Comissão Nacional de Clubes (CNC), houve proposta de reduzir o número de jogos. O pleito ganhou apoio de times como Flamengo e Palmeiras, que foram votos vencidos na assembleia.
Brasileirão
Com os campeonatos estaduais terminando mais cedo, o Brasileirão seria antecipado em um mês, iniciando em março. Nesse caso, haveria férias no meio do ano. Nesse período, os clubes poderiam ter duas opções: dar férias aos jogadores ou promover excursões ao exterior para expansão de suas marcas.
Nem todos os clubes acham isso uma boa ideia, já que as atenções do público estarão voltadas para a primeira edição do Super Mundial de Clubes da Fifa, que além dos quatro representantes brasileiros, terá times badalados da Europa, como Real Madrid, Manchester City, Bayern de Munique, Juventus e PSG.
Flamengo, Fluminense e Palmeiras já está classificados. Atlético-MG ou Botafogo, que fazem a final da Libertadores 2024, será o quarto time do país na competição. O Brasil, aliás, é o país com o maior número de representantes no Super Mundial de Clubes.
“Quem vai querer ver outros jogos?”, quertiona o dirigente de um time brasileiro que não irá disputar a competição.