Especial SAF: Vasco deixa asfixia financeira, busca elite e quer retomada de glórias

De time relegado à Série B do Brasileirão, é esperado que o Vasco volte ao caminho das glórias do passado com a venda de 70% da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) do time de São Januário para a 777 Partners. Os associados do clube de São Januário aprovaram em massa a venda em votação realizada no último domingo (7): 79,44% foram favoráveis ao negócio.

“Foi um processo longo, bastante complexo, que exigiu um esforço grande do clube e da 777. Um processo bastante profundo. Começamos em novembro do ano passado, com a captação de investidores. Em fevereiro, assinamos o memorando de entendimento. Houve uma due diligence [diligência prévia] bastante profunda”, contou Carlos Osório, vice-presidente geral do Vasco, em entrevista à Máquina do Esporte.

“Esse processo cobriu todas as exigências estatutárias internas do clube. Houve duas Assembleias Gerais. A primeira para alterar o estatuto do Vasco para prever constituição da SAF. Agora, com a mudança estatutária já feita, para aprovar a entrada da 777”, completou o dirigente.

Investimento bilionário

Pelo acordo, a investidora de capital privado desembolsará um total de R$ 1,4 bilhão na equipe, sendo R$ 700 milhões para completar o processo de aquisição e R$ 700 milhões para assumir dívidas do clube.

Em março, quando o processo de venda ainda estava em desenvolvimento, a 777 já liberou um “empréstimo ponte” de R$ 70 milhões, que serviram, na época, para regularizar salários atrasados e para o pagamento de dívidas de vencimentos mais urgentes com fornecedores, com o Regime Centralizado de Execuções (dívidas cíveis e trabalhistas) e com a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (dívidas fiscais).

Nos próximos dias, tão logo a SAF esteja constituída com CNPJ, a investidora liberará mais R$ 120 milhões ao Vasco como pagamento inicial pela aquisição da Sociedade Anônima do Futebol.

“Foi um processo longo, bastante complexo, que exigiu um esforço grande do clube e da 777. Um processo bastante profundo”

Carlos Osório, vice-presidente geral do Vasco

“Há um compromisso de pagamento de R$ 700 milhões para completar a integralização em até 36 meses. Eles, em paralelo, assumem R$ 700 milhões em dívidas do Vasco para pagar o compromisso deles conosco”, explicou Osório.

Em abril, o Vasco contabilizou que sua dívida chegava a R$ 708 milhões. Quatro meses depois, parte desse valor já foi quitado, e o endividamento está abaixo dos R$ 700 milhões. É esperado que a 777 faça negociações para o pagamento do passivo restante, conseguindo, inclusive, alguns descontos nesse montante.

“Com a SAF, o Vasco volta a ser um clube sustentável, se livra desse endividamento que asfixiava o clube, que não tinha crédito. O Vasco passa a ter vida normal”, festejou Osório.

Esporte olímpico e paralímpico

Sem o entrave financeiro e com a SAF do Vasco cuidando do futebol masculino, feminino e das categorias de base, o clube associativo do Vasco espera retomar o caminho de conquistas tanto nos gramados como em outros esportes.

Além de forte em ambas as modalidades, o Vasco chegou a ser a principal potência olímpica entre os clubes do Brasil. No final dos anos 1990 e início do século XXI, o time de São Januário chegou a ter entre seus contratados astros como Gustavo Borges (natação); Rodrigo Pessoa (hipismo); Maurren Maggi e Claudinei Quirino (atletismo); Robert Scheidt, Torben Grael e Marcelo Ferreira (vela); e Nenê (basquete), entre outros.

“Poderemos voltar a investir no esporte olímpico e paralímpico. A ideia é voltar a ter um time de basquete forte, que é uma tradição do clube. E recuperar a competitividade da equipe de  remo”

Carlos Osório, vice-presidente geral do Vasco

Segundo o dirigente, sem o futebol, o clube associativo tem capacidade de arrecadar algo próximo de R$ 10 milhões com sócios estatutários, além de verba com aluguel do Estádio de São Januário para a 777. Com certidões negativas, o clube poderá voltar a atrair patrocinadores para seus times olímpicos e paralímpicos. Também será capaz de participar de editais de lei de incentivo ao esporte.

Subida à elite

Na SAF do Vasco, o principal objetivo no ano é a ascensão para a Série A do Brasileirão, algo que o clube não conseguiu no ano passado. Em 2022, a campanha, mesmo que com alguns tropeços, parece bem encaminhada. O clube ocupa a quarta posição na Série B e voltaria à elite se a competição terminasse hoje.

É possível que não dê tempo para que a SAF do Vasco reforce o elenco até o final da atual janela de transferências do futebol brasileiro, que será fechada na próxima segunda-feira (15). Na avaliação do clube, mesmo que não venham reforços de peso neste momento, é possível que o objetivo seja alcançado.

“Isso [contratação de reforços] passa a ser decisão da 777. O clube já contratou quatro ou cinco reforços, feitos em consulta e coordenação com a SAF. Mas, sem dúvida, o principal objetivo no ano é o acesso à Série A”, resumiu o vice-presidente vascaíno.  

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