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Estudo aponta que 43% dos torcedores consideram o futebol mais divertido nas redes sociais do que na TV

Levantamento da Monks identificou quatro identidades comportamentais do fã braslieiro e aponta que 69% dos "Neo-Fanáticos" preferem ver o clube campeão a um título da seleção brasileira

Monks divulga pesquisa A Era dos Fandoms Modo Torcida sobre a evolução da cultura dos torcedores no Brasil - Divulgação

Uma pesquisa realizada pela Monks, marca da S4 Capital, indica uma mudança estrutural no consumo de conteúdo esportivo no Brasil. Denominado “A Era dos Fandoms: Modo Torcida”, o estudo mostra que a autoridade sobre a narrativa do futebol migrou das transmissões tradicionais para o ambiente digital.

De acordo com o levantamento, realizado com uma amostra de 1.000 pessoas de todas as regiões do país, 43% dos respondentes afirmam que o futebol é mais divertido nas redes sociais do que na televisão. O relatório ainda aponta que o esporte mantém alta relevância cultural, sendo visto por 77% dos entrevistados como um dos símbolos máximos da identidade nacional.

Consumo

A pesquisa descreve o fim da “nostalgia romântica do futebol raiz” e a consolidação do esporte como um produto cultural que gera múltiplas versões de sentido a partir de um único lance. Neste ecossistema, 48% dos torcedores já enxergam os criadores de conteúdo como agentes que estão mudando o modo de torcer. Entre os classificados como “Super Fãs”, 35% consideram influenciadores e podcasts mais relevantes que narradores tradicionais como fontes de informações e análises.

O estudo da Monks também revela que 18% do público geral consome conteúdo esportivo via áudio semanalmente, número que sobe para 25% entre os torcedores de alta intensidade.

Perfis

Diante deste cenário, o estudo categorizou quatro identidades comportamentais que traduzem a torcida brasileira contemporânea:

  • Muito Além do Placar: O vínculo baseia-se em valores, estética e posicionamento, exemplificado por clubes com propósitos específicos, como o Clube Laguna SAF.
  • Torcida Íntima: Caracteriza-se pelo consumo silencioso via telas e cortes. Para 49% deste grupo, a ausência de manifestação física não diminui a intensidade emocional.
  • Bagunça Core: O futebol é visto como entretenimento e caos criativo, guiado por memes. Neste segmento, 46% encaram o esporte prioritariamente como diversão.
  • Neo-Fanáticos: Vivem o clube como um ecossistema total. A intensidade define a identidade: 69% deste grupo preferem ver o clube campeão a ver a seleção brasileira vencer um título.

O levantamento também abordou o crescimento do futebol feminino como um contraponto ao ambiente do masculino. Para 78% das mulheres ouvidas, o ambiente tradicional do futebol ainda é marcado por preconceito e machismo, uma percepção compartilhada por 57% dos homens. A modalidade feminina ainda é apontada como um espaço de acolhimento e segurança para identidades historicamente marginalizadas.

Marcas

A mudança na relação entre torcedores e publicidade também apresenta desafios para as empresas. A pesquisa indica que dois em cada três torcedores acreditam que existem mais marcas tentando aparecer do que ajudando o futebol. Além disso, 47% dos entrevistados afirmaram que pagariam para não ver publicidade durante os jogos..

O estudo sugere que a emoção do futebol se distribui agora em múltiplas camadas, exigindo das marcas estratégias que combinem mídia tradicional e criadores de conteúdo. A mudança também passa por novos formatos, como a Kings League, que atrai públicos não tradicionais e tem 57% de aprovação entre jovens de 18 a 24 anos.