Lázaro Ramos será o diretor de um longa-metragem produzido pela Amazon Prime que contará a história dos Camisas Negras do Vasco da Gama. O longa será uma ficção livremente baseada em fatos reais e tem previsão de lançamento para 2024.
Segundo a Máquina do Esporte apurou, o projeto está na etapa de desenvolvimento e conta com consultoria da equipe de historiadores do Vasco e dos professores Luiz Antônio Simas e Silvio Almeida.
Professor de história do ensino médio, Simas ficou conhecido por defender que a história do Vasco fosse ensinada nos colégios devido à luta do clube contra o racismo. É autor de livros como “Dicionário de história social do samba” (com Nei Lopes, prêmio Jabuti em 2015) e “O corpo encantado das ruas”.
Já Almeida é autor de “Racismo estrutural”, livro que mostrou como o racismo é manifestado na estrutura social, política e econômica brasileira. Formado em direito e filosofia, o autor tem ligação profunda com o futebol, já que é filho de Barbosinha, ex-goleiro do Corinthians nos anos 1960.
Clima de mistério
Por enquanto, a Amazon Prime e o Vasco não dão maiores detalhes do projeto. Questionado sobre a produção, Vitor Roma, vice-presidente de marketing do Vasco, foi reticente, mas não negou a parceria com a plataforma de streaming.
“Não posso dar muitos detalhes sobre isso. Mas o que posso dizer é que é o resultado de mais de um ano de negociações, uma parceria entre a vice-presidência de marketing e a vice-presidência de história e responsabilidade social”, afirmou o dirigente.
“E que estamos muito orgulhosos e ansiosos para levar uma parte incrível da história do Vasco para o mundo todo, por intermédio de um grande parceiro.”
Lázaro Ramos, que torce para o Vitória, mas é marido da atriz Taís Araújo, que é vascaína, causou frisson em visita ao Vasco há dez dias. A equipe do filme conta ainda com os roteiristas Marcelo Andrade, Maira Oliveira, Karlo Oliveira, Daniel Quintal e Igor Verde.
Resposta histórica
O time dos Camisas Negras ficou conhecido, para além da cor do uniforme do Vasco na época, pelo fato de contar com jogadores negros, operários e analfabetos no elenco. Com eles, o Vasco ganhou o Campeonato Carioca de 1923, organizado pela LMDT (Liga Metropolitana de Desportos Terrestres). Foi o primeiro título estadual da história do clube de São Januário.
Um ano depois do título histórico , foi criada a Amea (Associação Metropolitana de Esportes Atléticos), que teve como idealizadores Fluminense, Flamengo, Botafogo, Bangu e América. A entidade passou a contar com os principais clubes do Estado em seu torneio.
Para a inscrição do time que faltava na lista, o Vasco, a Amea condicionou a exclusão de jogadores analfabetos ou sem profissão definida. Era uma regra clara para atingir os jogadores negros e pobres que faziam parte do elenco do Cruz-Maltino.
Foi quando o Vasco enviou a chamada “Resposta histórica“, em que o campeão abria mão de disputar o Cariocão naquele ano, caso fosse obrigado a excluir seus jogadores negros, na que é considerada uma das primeiras manifestações antirracistas do futebol brasileiro.
Sem vaga no Estadual da Amea, que acabou vencido pelo Fluminense, o Vasco jogou o Carioca da LMDT, contra equipes bastante inferiores e, sem dificuldade, conquistou o bicampeonato.
A ideia é que o filme seja lançado daqui a dois anos justamente para celebrar o centenário da “Resposta histórica”.