Federação Alemã aprova fundo para indenizar trabalhadores da Copa do Mundo do Catar

O presidente da Federação Alemã de Futebol (DFB), Bernd Neuendorf, afirmou ser favorável à criação de um fundo de compensação aos trabalhadores migrantes no Catar, país-sede da Copa do Mundo de 2022.

O dirigente destacou a responsabilidade da Fifa em programar o Mundial no Catar sobretudo pelo seu histórico de desrespeito aos direitos humanos e ao uso até recentemente do sistema kafala, que permite às empresas reter o passaporte dos empregados, que só conseguem o visto de trabalho no Catar graças ao “patrocínio” de seu empregador.

“A Fifa adotou uma política de direitos humanos e declara expressamente que pagará uma compensação quando assumir a responsabilidade, nos torneios, pelas medidas que tomar. É por isso que gostaria de chamar a atenção para o fato de que você deve viver e cumprir nossos próprios princípios declarados”

Bernd Neuendorf, presidente da Federação Alemã de Futebol

Cresce a pressão

Na última terça-feira (20), três ONGs de direitos humanos (Human Right Watch, Anistia Internacional e FairSquare) divulgaram que questionaram os 14 patrocinadores da Fifa sobre o apoio à criação do fundo compensatório aos trabalhadores. Segundo as entidades, quatro deles indicaram apoio à iniciativa: AB InBev/Budweiser, Adidas, Coca-Cola e McDonald’s.

Dez outros patrocinadores (Visa, Hyundai/Kia, Grupo Wanda, Qatar Energy, Qatar Airways, Vivo, Hisense, Mengniu, Crypto.com e Byju’s) não responderam.

O pronunciamento dos parceiros comerciais aumenta a pressão sobre a Fifa. Segundo reportagem do diário britânico The Guardian, pelo menos 6.500 trabalhadores morreram durante as obras para a Copa do Mundo. O Comitê Supremo para Entrega e Legado do Catar nega esse número.

Ideia do fundo

No início deste ano, organizações de direitos humanos, incluindo a Anistia Internacional e a Human Rights Watch, sugeriram à Fifa e aos organizadores locais que criassem um fundo de compensação para os trabalhadores migrantes e suas famílias, que sofreram abusos de direitos humanos no Catar, no valor de US$ 440 milhões. O montante equivale à premiação das seleções durante a Copa do Mundo. Até o momento, a Fifa não aderiu à ideia.

Entre os participantes da Copa do Mundo, algumas federações discordam da criação desse fundo. É o caso da Austrália, que divulgou um comunicado sobre o assunto.

“Agradecemos que haja pedidos para o estabelecimento de um fundo de compensação dos trabalhadores. No entanto, também existe a necessidade de garantir que os direitos dos trabalhadores continuem a ser adequadamente representados no futuro e que o impulso para a reforma não diminua após dezembro de 2022”, contemporizou a entidade.

A maior parte das federações nacionais, incluindo a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), ainda não se pronunciou sobre o tema.

Sair da versão mobile