Federação Italiana de Futebol e Serie A entram em rota de colisão com o governo do país

Internazionale, do atacante argentino Lautaro Martínez, já conquistou o título da temporada 2023/2024 da Serie A - Reprodução / X (@Inter)

A Federação Italiana de Futebol (FIGC) e a Serie A, principal campeonato da modalidade na Itália, criticaram abertamente os planos do governo do país para mudar a forma de supervisionar as finanças dos clubes. A polêmica já é tão grande que a Uefa e até a Fifa estão de olho no desenrolar da história.

A explicação é simples. Como parte de uma reforma planejada para o esporte profissional, o governo italiano propôs substituir a Covisoc, uma comissão de supervisão dos clubes de futebol profissionais dirigida pela FIGC. Atualmente, a Covisoc é responsável por verificar a saúde financeira dos clubes, além de também ser o órgão que realiza o cadastramento dos times a cada temporada.

A sugestão de Andrea Abodi, ministro do Esporte e da Juventude, é a criação de uma nova agência governamental para supervisionar as finanças de todos os clubes de futebol italianos, assim como as equipes da elite do basquete do país. Tal como previsto na legislação elaborada, essa nova agência teria a capacidade de monitorar os orçamentos dos clubes, solicitar documentos e realizar fiscalizações, bem como controlar o registro das equipes.

O primeiro a criticar a ideia foi Gabriele Gravina, presidente da FIGC, que chegou a chamar a proposta de “desrespeitosa”. Em seguida, a Serie A divulgou um comunicado em que afirmou que os clubes expressaram “oposição por unanimidade”. A nota ainda destacou que “todos os clubes da Serie A reiteraram mais uma vez a necessidade de avançar rumo à total autonomia da Serie A dentro do sistema esportivo”.

Em declarações à Rai Radio 1, Abodi negou que o governo esteja tentando assumir o controle do esporte italiano. O ministro disse ainda que a FIGC continuaria a decidir sobre o registro dos clubes e que o regulamento proposto só servirá para as questões financeiras.

“A autonomia esportiva não é nem um pouco afetada aqui. Os controles financeiros estão simplesmente a ser atribuídos a terceiros, que não se enquadram no âmbito das escolhas esportivas que são prerrogativa absoluta da federação de futebol”, salientou o político.

Com a polêmica crescendo a cada dia, a Uefa e a Fifa já demonstraram estar de olho na situação. Evelina Christillin, membra do Conselho da Fifa, disse, em entrevista ao jornal La Gazzetta dello Sport, que as duas entidades estão acompanhando tudo de perto e reiterou que o conceito de “autonomia do esporte” é importante.

Vale destacar ainda que Uefa e Fifa divulgaram, na semana passada, um comunicado em que expressaram preocupação com o futebol espanhol, uma vez que a Federação Espanhola de Futebol (RFEF) vem sendo supervisionada pelo governo do país desde que teve início uma investigação de corrupção motivada pelo escândalo envolvendo o ex-presidente Luis Rubiales.

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