FIFA e FIFPRO se unem em campanha contra discurso de ódio nas redes sociais

A FIFA publicou um relatório alertando para o crescente discurso de ódio dirigido a jogadores de futebol nas redes sociais durante competições internacionais. O documento foi divulgado no último sábado (18), no Dia Internacional da Organização das Nações Unidas (ONU) para o Combate ao Discurso de Ódio.

“Nosso dever é proteger o futebol, e isso começa com os jogadores que trazem tanta alegria e felicidade a todos nós por suas façanhas”, disse Gianni Infantino, presidente da FIFA.

“Infelizmente, há uma tendência de que uma porcentagem de postagens em canais de mídia social direcionadas a jogadores, treinadores, árbitros e às próprias equipes não seja aceitável. Essa forma de discriminação, como qualquer outra, não tem lugar no futebol”, completou.

Campanha conjunta

Com a Copa do Mundo do Catar 2022 começando daqui cinco meses, a FIFA divulgou que trabalhará com o FIFPRO (sindicato dos jogadores) para coordenar e implementar um plano sobre como proteger as equipes, jogadores, dirigentes e torcedores participantes contra abusos nas redes sociais durante seus torneios.

“Essa colaboração reconhece a responsabilidade do futebol de proteger os jogadores e outros grupos afetados contra os abusos. Esse tipo de incidente tem um impacto profundo em suas personalidades, suas famílias, seu desempenho, bem como em seu bem-estar geral e saúde mental”, destacou David Aganzo, presidente do FIFPRO.

Os abusos têm impacto profundo na personalidade [dos jogadores], em suas famílias, no seu desempenho, bem como em seu bem-estar geral e saúde mental.

O relatório recém-lançado usou inteligência artificial para rastrear mais de 400 mil postagens em plataformas de mídia social durante as semifinais e finais de duas competições internacionais de seleções (Euro 2020 e Copa Africana de Nações 2021). O monitoramento identificou que mais de 50% dos jogadores receberam algum tipo de mensagem discriminatória, com grande parte desse abuso vindo do próprio país de origem dos atletas.

Comentários homofóbicos (40%) e racistas (38%) foram os tipos de abuso mais comuns, muitos dos quais permanecem publicados nas contas em que foram originalmente direcionados.

Identificação e combate

Em resposta ao problema, a FIFA e o FIFPRO lançarão um serviço dedicado de moderação em torneios de futebol masculinos e femininos que analisará termos reconhecidos de discurso de ódio publicados em contas de mídia social identificadas. Uma vez detectados, o serviço impedirá que o comentário seja visto pelo destinatário e seus seguidores.

“Essa detecção não existe apenas para proteger o futebol e evitar os efeitos prejudiciais que essas postagens podem causar, mas também para educar as gerações atuais e futuras que se envolvem com nosso esporte nas mídias sociais e também no campo de jogo. Esperamos que, ao nos unirmos a este problema, as plataformas de mídia social façam o mesmo e nos apoiem ativamente para fazer parte da solução”, contou o presidente da FIFA.

Embora a mensagem ofensiva permaneça visível para a pessoa que originalmente fez o comentário, sua visibilidade e alcance serão significativamente reduzidos por meio dessa ferramenta.

Essa detecção não existe apenas para proteger o futebol e evitar os efeitos prejudiciais que essas postagens podem causar, mas também para educar gerações atuais e futuras que se envolvem com o esporte.

“O abuso on-line é uma questão social. Como indústria, não podemos aceitar que essa nova forma de abuso e discriminação afete tantas pessoas, incluindo nossos jogadores. Vários sindicatos de jogadores têm feito um trabalho muito bom neste tema que, ligado ao nosso recente relatório lançado em conjunto com outros sindicatos de jogadores, nos dá muitos insights para abordar esse tema daqui para frente”, explicou Aganzo.

“Pesquisas como essas devem levar a ações de prevenção e remediação. Estamos felizes que essa cooperação com a FIFA seja um passo construtivo nessa direção”, acrescentou.

Assunto de polícia

O relatório também destaca que 90% das contas sinalizadas pelo estudo como tendo publicado esses comentários abusivos têm uma alta probabilidade de identificação. Como os comentários ocultos permanecerão visíveis em particular para a FIFA e o FIFPRO, isso também significa que essa atividade poderá ser informada às autoridades policiais para que outras medidas possam ser tomadas.

“Com a Copa do Mundo do Catar 2022 [masculina] e a Copa do Mundo da Austrália e Nova Zelândia 2023 [feminina] no horizonte, a FIFA e o FIFPRO reconhecem que é importante se posicionar e incluir o que é monitorado nas mídias sociais com o que já está sendo monitorado nos estádios”, comentou Infantino.

“Queremos que nossas ações falem mais alto do que nossas palavras e é por isso que estamos tomando medidas concretas para enfrentar o problema diretamente”, completou o mandatário.

Por meio dessa parceria, a FIFA e o FIFPRO também desenvolverão suporte educacional, incluindo conselhos de melhores práticas para gerenciar contas de mídia social, e conselhos de saúde mental para todos os jogadores participantes dos torneios da FIFA durante 2022 e 2023. Além disso, um serviço de moderação será implementado enquanto as competições estiverem ocorrendo.

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