Luiz Eduardo Baptista, o Bap, candidato à presidência do Flamengo, criticou o novo contrato de TV assinado pelo time rubro-negro com a Globo para o próximo ciclo do Campeonato Brasileiro (2025 a 2029) e afirmou ser necessário que haja um plano de viabilidade econômica para a construção do estádio do clube.
O dirigente, que encabeça a chapa “Raça, Amor e Gestão” no pleito marcado para a próxima segunda-feira (9), concedeu entrevista à Máquina do Esporte acompanhado de Fábio Coelho, presidente do Google Brasil e candidato a vice-presidente de tecnologia. Leia a seguir o principais trechos da entrevista: A íntegra da conversa está no YouTube da Máquina do Esporte.
Botafogo e Fluminense
“Dinheiro não é tudo na vida. Haja vista a performance. Se você somar o faturamento do Fluminense em 2023 com o do Botafogo em 2024, não chegam no que o Flamengo fatura. Cada um ganhou uma Libertadores, e o Flamengo não chegou nem perto. Então, para além do faturamento, você tem que ter gestão, tem que ter profissionalização.”
Gestão Landim
“O clube vai faturar mais do que R$ 1 bilhão neste ano, mas menos do que no ano passado. O resultado operacional deste ano vai ser pior do que o do ano passado. Esta gestão projeta o que apresentaram ao Conselho de Administração há dez dias: o caixa para o final deste ano de R$ 3 milhões. Para quem gasta alguma coisa como R$ 80 milhões, R$ 90 milhões por mês, ter R$ 3 milhões em caixa significa que você tem talvez um dia, dois dias de caixa.”
Finanças
“A dívida foi de R$ 48 milhões para quase R$ 450 milhões [em 2024]. Então, não resta dúvida de que este final de gestão, do ponto de vista financeiro, foi temerário. Do ponto de vista esportivo, já não vinha bem desde 2023. E o Flamengo, que tinha a performance financeira como seu maior troféu, neste ano ficou a desejar. Infelizmente.”
Dívidas
“A gente costuma brincar que dívida é igual colesterol: tem o bom e o ruim, dependendo de como é que você vai usar esse dinheiro.”
Luiz Eduardo Baptista, o Bap, candidato a presidente do Flamengo
“O Flamengo não está usando dinheiro para aumentar a sua receita futura. Está fazendo isso para as contratações de atletas no final da janela, que são questionáveis, e a compra do terreno e de despesas acessórias que havia em relação a isso, que são importantes para a constituição do sonho da Nação que é ter o seu estádio. Mas isso desfalcou o caixa do Flamengo.”
Corinthians
“É sempre bom a gente lembrar que o Corinthians de 2012 era campeão da Libertadores e Mundial e teria um estádio em dois anos. Quando a gente olha, 12 anos depois, o que aconteceu por irresponsabilidade financeira do clube? Você vê um clube como o Corinthians hoje, e com a dívida que tem, não conseguir ter uma performance esportiva adequada à altura da sua torcida e do seu potencial. Isso tem que ser visto no mínimo como aprendizado para o Flamengo.”
SAF
“A gente pode ir a um banco, pegar dinheiro, de alguma forma o custo desse dinheiro ser proibitivo, e acabar forçando uma derrocada da performance esportiva ou mesmo cair numa arapuca de uma SAF. Muita gente acredita que esse movimento [construção do estádio], de forma açodado, teria sido feito para precipitar a necessidade de virar uma SAF, que conosco não vai acontecer de jeito nenhum.”
Contrato com a Globo
“O resultado material é que o Flamengo perdeu R$ 82 milhões ao ano de receita. Em cinco anos, R$ 410 milhões que nós deixamos na mesa. Há alguns equívocos conceituais básicos em relação ao contrato de 2016. O Flamengo tinha algumas proteções, por ser a locomotiva dos direitos de transmissão no Brasil. E esta gestão achou por bem abrir mão dessas vantagens.”