Forbes ignora América do Sul e lança lista de “clubes mais valiosos do mundo” dominada por Europa e EUA

Estádio Santiago Bernabéu, do Real Madrid, que lidera lista da Forbes - Reprodução / Twitter (@realmadrid)

Rankings costumam ser polêmicos. Nesta semana, a revista Forbes, conhecida mundialmente por realizar uma cobertura especializada sobre o mundo das finanças e por informar às pessoas comuns quem são os seres humanos mais endinheirados da atualidade, lançou a lista com aqueles que seriam os 30 clubes de futebol mais valiosos do planeta, ignorando por completo mercados importantes desse esporte no mundo, como América do Sul, México, Oriente Médio e Leste Asiático.

À primeira vista, poucos contestariam o ranking da revista norte-americana. No topo está ninguém menos que o Real Madrid, clube mais vitorioso das grandes competições europeias e reconhecido em todo o planeta por formar grandes esquadrões de craques ao longo da história.

No entanto, se vamos descendo na lista, passamos a nos deparar com situações inusitadas. Grandes europeus que já ganharam a Champions League e que dominam as principais ligas europeias estão lá. Mas no ranking também encontramos diversos clubes de competições menos tradicionais, de países onde o futebol sequer é considerado o esporte mais popular, caso dos Estados Unidos.

A lista dos clubes mais valiosos do mundo, elaborada pela Forbes, tem o Toronto FC, do Canadá, na 29ª posição, com valor de mercado de US$ 690 milhões. Tem também o Los Angeles FC na 17ª colocação, avaliado em US$ 1 bilhão, quase empatado com a Internazionale (sim, aquela mesma que já ganhou inúmeros títulos na Série A da Itália e que, neste mês, disputará a final da Champions League contra o Manchester City), que está cotada em US$ 1,03 bilhão.

O ranking

Publicado no site da Forbes, o ranking dos clubes de futebol mais valiosos do mundo com seus respectivos valores de mercado, segundo a revista, é este:

1º – Real Madrid (US$ 6,07 bilhões)
2º – Manchester United (US$ 6 bilhões)
3º – Barcelona (US$ 5,51 bilhões)
4º – Liverpool (US$ 5,29 bilhões)
5º – Manchester City (US$ 4,99 bilhões)
6º – Bayern de Munique (US$ 4,86 bilhões)
7º – PSG (US$ 4,21 bilhões)
8º – Chelsea (US$ 3,1 bilhões)
9º – Tottenham (US$ 2,8 bilhões)
10º – Arsenal (US$ 2,26 bilhões)
11º – Juventus (US$ 2,16 bilhões)
12º – Borussia Dortmund (US$ 1,93 bilhão)
13º – Atlético de Madrid (US$ 1,54 bilhão)
14º – Milan (US$ 1,4 bilhão)
15º – West Ham (US$ 1,08 bilhão)
16º – Internazionale (US$ 1,03 bilhão)
17º – Los Angeles FC (US$ 1 bilhão)
18º – Los Angeles Galaxy (US$ 925 milhões)
19º – Atlanta United (US$ 850 milhões)
20º – Crystal Palace (US$ 806 milhões)
21º – New York FC (US$ 800 milhões)
22º – Newcastle (US$ 794 milhões)
23º – Leicester (US$ 781 milhões)
24º – Aston Villa (US$ 756 milhões)
25º – Everton (US$ 744 milhões)
26º – Lyon (US$ 734 milhões)
27º – Roma (US$ 724 milhões)
28º – DC United (US$ 700 milhões)
29º – Toronto FC (US$ 690 milhões)
30º – Austin FC (US$ 680 milhões)

Critérios

A lista dos clubes mais valiosos do mundo divulgada pela Forbes leva em conta os valores de receita e receita operacional das equipes europeias para a temporada 2021/2022. Os resultados em euros foram convertidos para dólares dos Estados Unidos, com base nas taxas de câmbio médias durante aquele período.

Para os times da MLS, a Forbes considerou os números relativos à temporada do ano passado. Os valores das equipes levam em conta patrimônio mais dívida líquida e incluem a economia do estádio do time (mas excluem o valor do imóvel em si), com base em transações comparáveis. 

A própria revista, porém, informa, no início da matéria sobre o ranking, que os valores dos clubes divulgados na lista não estão necessariamente relacionados às receitas. Segundo a publicação, eles são influenciados pelos preços que estão sendo pagos por eventuais compradores dos clubes.

Para tanto, ela cita o caso do Manchester United, único do ranking, ao lado do Real Madrid, a alcançar a marca de US$ 6 bilhões, o que representa 7,7 vezes a sua receita no período. Essa quantia bilionária equivale justamente ao preço de venda estipulado pela família Glazer para fechar o negócio.

Sul-americanos de fora

Um dado que chama a atenção no ranking da Forbes é que, dos 30 times listados, seis são da MLS: Los Angeles FC, Los Angeles Galaxy, New York FC, DC United, Toronto FC e Austin FC.

Cinco dessas equipes são sediadas em Estados Unidos, país onde o futebol tem relativamente pouca tradição e não figura entre os esportes mais populares.

Enquanto isso, a Forbes conseguiu a proeza de sequer considerar clubes gigantes da América do Sul, berço de alguns dos maiores craques do planeta, como Pelé, Garrincha, Ronaldo, Maradona e Messi, e que possui clubes com torcidas imensas e resultados financeiros expressivos.

Tome-se, por exemplo, o Flamengo, que, em março deste ano, divulgou seu balanço relativo ao exercício de 2022 com um faturamento de R$ 1,043 bilhão no período. Pelo câmbio atual, isso seria o equivalente a US$ 208 milhões. As receitas do time rubro-negro superam as de oito clubes da lista dos “mais valiosos do mundo”.

O ranking da Forbes tampouco considera os mercados potenciais que grandes clubes sul-americanos como Flamengo, Corinthians, Boca Juniors e River Plate, por exemplo, com suas dezenas de milhões de torcedores, podem representar.

Vale destacar que é necessário fazer essas ponderações a respeito da lista da Forbes porque é difícil entender, por exemplo, que o Leicester (23º colocado no ranking da revista), que acabou de ser rebaixado na Premier League e tem apenas um título do Campeonato Inglês (2015/2016) e outro da Copa da Inglaterra (2020/2021), possa ser mais valioso que o atual campeão da Copa Libertadores, o Flamengo, com seus mais de 30 milhões de torcedores espalhados pelo Brasil.

Sair da versão mobile