A Havan anunciou, na tarde desta terça-feira (22), que não renovará os contratos de patrocínio aos clubes esportivos em 2023. A decisão chama a atenção, já que, há algumas poucas semanas, a rede varejista demonstrava empolgação (em suas redes, propagandas e comunicados à imprensa) em relação às parcerias firmadas com os times.
Neste ano, a Havan patrocinou Flamengo e Athletico-PR, os dois finalistas da última edição da Copa Libertadores, vencida pelo clube carioca. Às vésperas do jogo decisivo, ocorrido em 29 de outubro, a marca divulgou uma nota à imprensa, referindo-se a si própria como a “campeã” da competição.
“Ficamos muito felizes em participar desse momento histórico. Isso é sinal que (sic) até na hora de escolher os times para patrocinar fizemos o certo”, afirmou, à época, o dono da Havan, Luciano Hang.
Relações com o poder
No tocante à parte esportiva, pouca coisa parece ter mudado desde que essas palavras efusivas do proprietário da rede de lojas conhecida por ostentar réplicas da “Estátua da Liberdade” nas fachadas foram proferidas. Os dois principais times patrocinados pela Havan estão classificados para a Copa Libertadores 2023, sem contar que o Flamengo tem vaga garantida no próximo Mundial de Clubes. Ou seja, a marca ficaria novamente em evidência no ano que vem.
Porém, em outras esferas, muita coisa mudou. Aliado do atual presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), Luciano Hang empenhou-se pessoalmente na tentativa de reeleição, que acabou fracassando. No dia seguinte à final da Libertadores, o dono da Havan viu seu candidato ser derrotado pelo maior adversário, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em uma disputa apertada.
Vale destacar que a expansão da Havan começou bem antes da eleição de Bolsonaro. A ascensão do ex-capitão do Exército ao poder em 2018, porém, coincidiu com o aumento expressivo da presença midiática da Havan e de seu dono. Foi depois disso que a empresa passou a patrocinar clubes de expressão nacional, com sua marca indo parar na manga da camisa do mais popular deles, o Flamengo.
Momento político e econômico
Em nota enviada à imprensa, a Havan alegou que, por conta do “momento econômico e político que o Brasil vive”, estaria revendo os investimentos para o próximo ano. A decisão resultará no fim de todas as parcerias que a empresa mantém no esporte. Além da dupla finalista da última Copa Libertadores, Cascavel (PR) e Brusque (SC) também perderão o patrocínio.
“A Havan tem muito orgulho em ter participado da história dos times e acompanhado a evolução de cada um durante esse período em que permaneceu junto. Pela ótima relação que sempre manteve com os clubes, a varejista permanece de portas abertas para caso haja interesses mútuos futuramente”, afirmou a empresa.
No comunicado, a empresa também agradeceu “a confiança e parceria construída durante todo o período junto às diretorias, atletas e torcedores dos times patrocinados” e disse esperar que todos compreendam a decisão tomada. Os contratos com todas as equipes esportivas chegarão ao fim no dia 31 de dezembro.