Inspirado em Premier League “igualitária”, Forte Futebol prega mudanças no Brasil

A divulgação dos valores relativos aos direitos de transmissão pagos aos clubes ingleses da Premier League serviu de inspiração para uma ação conjunta realizada por dirigentes esportivos que integram a Liga Forte Futebol (LFF) no Brasil, cobrando mais igualdade na distribuição das cotas de televisão nos campeonatos locais.  

No decorrer da quarta-feira (21), cartolas de clubes que integram a LFF comentaram sobre a realidade existente na Premier League, em comparação com a situação brasileira. Um dado que chama a atenção é a diferença proporcionalmente pequena entre os valores pagos ao Manchester City, campeão da temporada 2021/2022, e o Norwich, lanterna da competição. Enquanto o primeiro levou £ 153 milhões pelas cotas de direitos audiovisuais, o último ganhou £ 100 milhões.  

Apesar de esses £ 53 milhões representarem uma diferença significativa em termos absolutos, proporcionalmente a distância entre os pagamentos é muito menor quando comparada à que vigora no pay-per-view (PPV) do Campeonato Brasileiro da Série A, em que Flamengo e Corinthians faturam, respectivamente, R$ 160 milhões e R$ 110 milhões, enquanto o Fortaleza, por exemplo, recebe R$ 2,8 milhões.  

Divisão mais justa

“É por isso que defendemos uma divisão mais justa de recursos na criação da liga de clubes no Brasil. Um campeonato mais equilibrado atrai mais investidores e assim todos crescem. O melhor exemplo é a Premier League, onde clubes de porte médio conseguem fazer grandes investimentos. Na liga inglesa, a diferença entre o que mais ganha e o que menos ganha é muito baixa”, afirmou Marcelo Paz, presidente do Fortaleza. 

Mesmo quando se leva em conta a realidade de clubes mais tradicionais e que já conquistaram competições importantes no Brasil e no mundo, a disparidade de valores chama a atenção. O Internacional, por exemplo, recebe R$ 18,8 milhões da Globo pelo PPV, o que equivale a pouco mais de 11% do que é pago ao Flamengo.  

Inspiração em outras ligas

“São muitas as questões a serem debatidas e melhoradas, como calendário, estádios, arbitragem, matchday, todas as alternativas possíveis de comercialização. Mas entendemos que a divisão desses recursos deve seguir os exemplos de ligas bem-sucedidas no mundo. Essa redução na desigualdade fará com que tenhamos um produto mais valorizado, competitivo e, portanto, com ganhos significativos para que todos os clubes façam frente às exigências necessárias para construir um produto mais forte”, disse Alessandro Barcellos, presidente do Internacional. 

Uma das principais reivindicações dos clubes que participam da LFF é que se chegue a uma maior proximidade entre as arrecadações, com 45% divididos de forma igualitária, 30% sobre performance e 25% por apelo comercial. A exigência principal nesse cálculo é que a diferença máxima entre a maior e a menor cota não ultrapasse 3,5 vezes. Mesmo nesse formato, a disparidade seria maior do que na Premier League, onde a distância entre as maiores e menores remunerações é de 1,6 vez. 

De qualquer modo, o método serviria, na visão dos membros da LFF, para solucionar situações como as do Goiás, que hoje recebe R$ 800 mil de PPV, ou Avaí e Juventude, que faturam R$ 400 mil. Os três clubes disputam a Série A do Brasileirão em 2022.  

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