O Internacional deve encerrar 2025 com arrecadação entre R$ 250 milhões e R$ 300 milhões nas áreas de marketing e direitos comerciais, segundo projeção de Marcos Silveira, diretor executivo de marketing e receitas do clube. O valor representa crescimento entre 39% e 66,6% em relação ao ano anterior.
“Venda de atletas, direitos de TV, premiação [de torneios] e placas de campo não passam por mim. O resto passa”, conta Silveira, em entrevista à Máquina do Esporte.
O executivo prega que essa transformação está baseada em três pilares ou três pês: pessoas, processos e profissionalização. Segundo ele, a valorização do uniforme é um dos reflexos dessa estratégia.
“A camisa valia R$ 70 milhões em 2024. Neste ano, conseguimos elevá-la a quase R$ 130 milhões”, conta o diretor.
Neste ano, o Internacional teve mudança significativa na arecadação com a chegada da Alfa como patrocinadora máster substituindo o Banrisul. Pelo espaço privilegiado na camisa do time gaúcho, a casa de apostas desembolsa R$ 50 milhões por temporada.
“A bet [Alfa] vem com esse movimento e traz injeção de capital importante. Mas o grande pulo foi quando começamos a vender um inventário não só físico como digital”, afirma Silveira.
Camisa
Assim, além dos patrocínios de camisa, o Internacional tem buscado ampliar sua receita com parcerias comerciais utilizando outros ativos.
“Obviamente a camisa é o maior ativo do clube e o mais fácil de vender. As marcas chegam e querem estar no uniforme, que tem espaço limitado”, declara ele.
“Mas não queremos tornar a camisa um abadá. Queremos uma camisa bonita, que valoriza os patrocinadores e que eles não se percam lá”, pondera.
A estratégia para 2025 incluiu não renovar espaços fixos, como a manga, e fatiar o inventário em ações pontuais.
“O principal papel da Alfa é que me elevou o capital e dá uma previsibilidade [de receita]. Com isso, posso vender outras propriedades esporadicamente, valorizando esses espaços”, conta.
A estratégia da camisa passa por deixá-la mais limpa e vender espaços pontuais em momentos específicos, como finais e mata-matas.
Em 2025, o Inter foi campeão gaúcho ao bater o arquirrival Grêmio na final. Porém, acabou eliminado precocemente nas oitavas de final da Copa do Brasil (Fluminense) e da Libertadores (Flamengo), o que limitou a ativação comercial para o restante da temporada.
“Vendendo em momentos de grande audiência, consigo monetizar um valor maior do que eu tinha no [ano] passado”, conta.
“Durante as Copa do Brasil e a Libertadores eu consigo testar segmentos que em algum momento deixaram de estar no futebol, como bens de consumo tradicionais”, completa.

Digital
Ao lado dessa estratégia na camisa, o Internacional tem ampliado a atuação comercial com foco em ativos digitais e redes sociais.
Segundo Silveira, o clube veiculava conteúdos comerciais em menos de 2% de seus posts. Em 2025, esse número subiu para 13%, mas ainda não atingiu o teto.
“Em 2026 vamos tentar chegar a até 20%. Não mais do que isso, para não canibalizar nossas outras pautas, como o institucional e o futebol. Mas 20%, na nossa cabeça, é algo saudável para monetizar”, prega o executivo.
Entre os acordos recentes, o clube fechou com a Tintas Renner o primeiro patrocínio voltado exclusivamente para redes sociais, com foco no Instagram.
Já com a marca de chimarrão Baldo, o Inter produziu a série “Mate, Amor e Paixão” no canal do clube no YouTube. Nela, jogadores estrangeiros como Rochê e Bernabei, falam sobre a carreira e contam como consomem a erva-mate, hábito comum entre gaúchos, uruguaios e argentinos.
Mapeamento
Para oferecer dados mais precisos ao mercado, o Internacional contratou a consultoria Bain & Company para realizar uma grande pesquisa de mapeamento de seu público. O levantamento, realizado entre agosto e setembro de 2024, teve mais de 6.000 questionários respondidos.
“Transformamos tudo em um grande painel de consulta diária de todo o time comercial. Sei, por exemplo, quantos têm carro, quanto estão pensando em trocar ou quantos querem optar por um carro elétrico”, explica Silveira.
O executivo conta que o departamento comercial deve promover uma pesquisa mais detalhada com essa, para conhecer seu público e as mudanças de comportamento a cada dois anos. A próxima, portanto, deve ser realizada em 2026.

Roupas
No final de 2024, o clube gaúcho renovou contrato com a Adidas para fornecimento de material esportivo até 2029.
Em paralelo a isso, anunciou, em julho, uma collab com a marca de streetwear Approve. A coleção tem foco em roupas casuais e foi estrelada por atletas como Vitão, Borré e Wesley, que recentemente deixou o Colorado.
“A Approve é uma marca mais progressista, que bebe muito na cultura da NFL e da NBA. Fomos pinçar atletas do elenco que já se vestem desse jeito. Os jogadores já sabem antes qual é a marca e se tem fit com eles”, conta Silveira.
Em 2024, o clube usou jogadores do elenco em quatro ações comerciais. Neste ano, o número de vezes subiu para 12, média que deve ser seguida em 2026.
“Não necessariamente vamos trazer jogadores do time principal. Podemos usar atletas da base e da equipe feminina. Mas teremos momentos com os jogadores do profissional”, conta.