Os clubes da Liga Forte União (LFU) finalmente chegaram a um acordo sobre a recompra de parte de seus direitos comerciais de um grupo de investidores capitaneado pela Life Capital Partners (LCP). O acordo é válido por 50 anos.
Na segunda-feira (23), na sede da Alvares & Marsal, em São Paulo (SP), os times voltaram a examinar a questão. Inicialmente, o acordado era a negociação de 20% desses ativos. Ao perceber que os times da LFU entrariam em desvantagem financeira no comparativo com as equipes da Liga do Futebol Brasileiro (Libra), que não fizeram essa venda, optou-se pela redução dessa fatia à LCP, que lidera o grupo de investidores, o qual também conta com as participações de XP Investimentos e General Atlantic (GA).
O assunto já havia sido colocado em pauta no último dia 10 de setembro, na sede do Fluminense, no Rio de Janeiro (RJ). À ocasião, apesar de 8 horas de deliberações, não houve uma definição. Os dirigentes chegaram a almoçar no clube para aproveitar melhor o tempo. Em vão.
Após essa decisão, que implica situações bem heterogêneas com cada clube, os times da LFU já marcaram um novo encontro para a próxima sexta-feira (27). Dessa vez de forma on-line, os times discutirão novas pautas importantes para as finanças do bloco de times.
Entre os temas que serão tratados, como a Máquina do Esporte antecipou na semana passada, está a nomeação de uma agência para fazer a venda dos direitos de transmissão para o exterior e para casas de apostas, os direitos de mídia da Série B e a definição de uma empresa para agenciar a venda de placas de seus clubes nas Séries A e B. Há times que já contam com contratos individuais e que não entrarão nesse bloco.
Diferenças
A resolução sobre a recompra de direitos comerciais com a LCP não foi pensada de maneira coletiva. A situação dos clubes é bastante heterogênea nesse aspecto.
Há quem recebeu apenas 30% do valor do contrato. Portanto, estaria apto a fazer essa redução, bastando aguardar os outros 20% entrarem na conta para completar 50% do que fora acordado inicialmente, negociando 10% de seus direitos comerciais.
Nessa situação, estão 11 clubes que disputaram a Série B em 2023 e têm valores presos com a LCP pelo fato de ainda aguardarem a oficialização da rescisão do contrato que havia sido assinado com a Brax Sports Assets e a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) no ano passado.
A agência do Rio de Janeiro tinha acordo por cinco anos, mas abriu mão do compromisso antes do início da Série B de 2024. Esses times aguardam a CBF, que liderou as negociações dos direitos da Segundona, oficializar o distrato, o que ainda não foi feito.
Estão nessa situação Atlético-GO, Avaí, Ceará, Chapecoense, CRB, Sport, Criciúma, Juventude, Londrina, Tombense e Vila Nova.
Mas, mesmo entre essas equipes, há quem decidiu vender um percentual maior, por problemas atuais no fluxo de caixa. É o caso de CRB e Chapecoense, que negociarão 17%. As duas equipes, inclusive, lutam contra o rebaixamento à Série C nesta temporada, o que implicaria um baque financeiro ainda maior.
A Chape é a 14ª colocada, com 31 pontos, estando apenas dois à frente do Brusque, primeiro time do Z4. Já o CRB está em penúltimo, com 26.
Mais diferenças
Há times da Série A que já receberam um percentual superior a 50% do valor do contrato. Entre esses clubes, há quem prefira recomprar parte de seus direitos comerciais, reduzindo a participação dos investidores para 10% a 12%.
Outro grupo é formado por quem recém-ingressou no bloco de clubes. Estão nessa situação Botafogo-SP, Ituano, Mirassol, Novorizontino e Ponte Preta, que aderiram em março, e o Corinthians, que assinou contrato de cinco anos com o Forte União em julho. Todos esses times não negociaram percentual algum de seus direitos comerciais com a LCP.
O Corinthians apenas recebeu um adiantamento de R$ 150 milhões, chamado pela LFU de “colchão”, pelos contratos de TV dos próximos anos. O clube também tem a garantia de que, caso caia para a Série B em 2025 (hoje está no Z4), terá direito a uma negociação individual de seus direitos de transmissão na Segundona.