A Liga do Futebol Brasileiro (Libra) realizou, nesta semana, sua Assembleia Geral. O encontro de dirigentes teve início na última terça-feira (23), de forma presencial, em São Paulo (SP), e foi concluído nesta sexta-feira (26), de maneira virtual.
Os dirigentes dos clubes que integram a Libra aprovaram a universalização da cláusula de estabilidade para todas as equipes da Série A do Brasileirão.
A medida é prevista no estatuto da entidade e deve durar pelo período de transição de cinco anos. A ideia é que ela seja acionada apenas em um cenário (que a Libra diz considerar improvável) de queda de receitas no futebol brasileiro.
Participaram da Assembleia Geral presidentes e representantes dos 18 clubes filiados à Libra, além de consultores do BTG Pactual e da Codajas Sports Kapital.
A Mubadala Capital também marcou presença na reunião. No fim do ano passado, o fundo sediado nos Emirados Árabes Unidos foi escolhido como parceiro da Libra em um processo de concorrência conduzido por Codajas e BTG. A Mubadala oferece R$ 4,75 bilhões por 20% dos direitos comerciais da futura liga brasileira.
Impasses
O grande impasse, porém, reside no fato de, atualmente, os clubes que disputam as principais divisões do futebol brasileiro estarem divididos em duas entidades rivais.
Em novembro de 2022, depois que o negócio da Mubadala com a Libra foi oficializado, a Liga Forte Futebol (LFF), que conta com a participação de 26 clubes, afirmou não reconhecer o acordo.
À época, a entidade declarou que “XP Investimentos, Alvarez & Marsal e LiveMode são as interlocutoras exclusivas com o mercado, contratadas pela LFF para conduzir todas as negociações com investidores, grupos de mídia e parceiros comerciais de uma forma geral”.
Em abril deste ano, a LFF fechou parceria com a gestora brasileira Life Capital Partners e a norte-americana Serengeti Asset Management.
O acordo pode chegar a US$ 950 milhões, caso haja a adesão dos 40 clubes das Séries A e B do Brasileirão para a formação da liga brasileira de futebol. Em troca, Life Capital e Serengeti ficariam com 20% dos direitos comerciais da competição por um período de 50 anos.
Atualmente, dos 18 clubes que formam a Libra, 11 são da Série A e sete da B: Bahia, Botafogo, Corinthians, Cruzeiro, Flamengo, Grêmio, Guarani, Ituano, Mirassol, Novorizontino, Palmeiras, Ponte Preta, Red Bull Bragantino, Sampaio Corrêa, Santos, São Paulo, Vasco e Vitória.
Já a LFF é formada por 26 times, dos quais nove são da primeira divisão, 12 da Série B e cinco da Série C: ABC, Athletico-PR, Atlético-MG, América-MG, Atlético-GO, Avaí, Brusque, Chapecoense, Coritiba, Ceará, Criciúma, CRB, CSA, Cuiabá, Figueirense, Fluminense, Fortaleza, Goiás, Internacional, Juventude, Londrina, Náutico, Operário-PR, Sport, Vila Nova e Tombense.
No fim de abril deste ano, segundo reportagem da Máquina do Esporte, as tentativas de aproximação entre as duas entidades avançaram, mas esbarram em alguns pontos sensíveis, em especial a fórmula de divisão de receitas dos direitos de transmissão.
A cláusula de transição é outra questão que ocasiona atritos entre as duas entidades. Criada para beneficiar especialmente Corinthians e Flamengo, os dois clubes que mais faturam com TV no Brasil, ela busca evitar que ambos tenham uma queda brusca em suas receitas, no caso da adoção de um modelo mais igualitário de distribuição dos direitos de transmissão.
Em março deste ano, a Liga Forte Futebol emitiu uma nota rejeitando a cláusula. O grupo defende um “limite máximo de 3,5 vezes de diferença entre o clube de maior e o de menor receita, independentemente do volume de receitas total gerado, ou de qualquer regra de transição – cláusula pétrea para a LFF”.