Com pouco mais de 45 dias faltando para o início do Campeonato Brasileiro de Futebol, a Liga Forte Futebol (LFF) divulgou, na manhã desta terça-feira (28), o modelo de divisão dos direitos de transmissão aprovado pelos clubes membros e acordado com a Serengeti Asset Management e a Life Capital Partners, anunciadas recentemente como investidoras do grupo, que reúne 26 equipes das Séries A, B e C.
“A Liga Forte Futebol (LFF) acredita que o modelo de distribuição de receitas deve ser aquele que torne o futebol brasileiro mais forte e competitivo como um todo. E, para isso, considera fundamental que haja um debate aberto sobre o tema”, afirmou o documento.
Proporção geral não muda
O modelo oficializado (e que já era amplamente conhecido) seguirá a seguinte proporção no Brasileirão da Série A: 45% das receitas de TV serão divididas de maneira igualitária; 30% de acordo com o desempenho; e 25% com base no apelo comercial de cada time.
O objetivo é garantir que a diferença entre a maior e a menor cota de TV não fique acima de 3,5 vezes. A nota da LFF destacou que o princípio que norteou o modelo de divisão foi definido a partir da análise das ligas “mais bem-sucedidas do mundo”. O texto cita nominalmente a Premier League, em que a distância entre a maior e a menor receita é de 1,5 vez.
“Nestas ligas, um equilíbrio mínimo na divisão de receitas e a definição de métricas mensuráveis e auditáveis são premissas básicas para a criação de mais valor para seus clubes e para a liga. A prática ao longo dos anos demonstrou que uma divisão mais equilibrada da receita gera campeonatos mais competitivos e, como consequência, um produto melhor em campo, que atrai mais atenção e recursos dos patrocinadores e grupos de mídia”, disse a nota.
Distribuição por série
O documento também buscou detalhar a proposta da LFF para distribuição das receitas entre as três principais divisões do Brasileirão, independentemente da forma como forem comercializados os direitos de transmissão. A Forte Futebol defende que 80% do total sejam destinados à Série A, enquanto a B ficaria com 18%, e a C, com 2%.
Na nota, a LFF afirmou que “o fortalecimento das Séries B e C é fundamental para o crescimento do
futebol brasileiro”.
Critérios têm lacunas
Na nota, a Liga Forte Futebol também tentou esclarecer os critérios utilizados para a distribuição de receita nos itens não igualitários. No caso da performance em campo, ela informou que “foi estabelecida previamente uma tabela com os percentuais que os clubes recebem da receita em cada uma das posições”.
O primeiro colocado do campeonato ganharia 8,9% do montante, com o percentual decaindo de 0,4% a 0,5% por posição, até chegar ao último colocado, que ficaria com 1,1% desse total.
É importante ponderar que, atualmente, a LFF conta com nove clubes da Série A: América-MG, Athletico-PR, Atlético-MG, Coritiba, Cuiabá, Fluminense, Fortaleza, Goiás e Internacional.
Os outros 11 estão na rival Liga do Futebol Brasileiro (Libra). São eles: Bahia, Botafogo, Corinthians, Cruzeiro, Flamengo, Grêmio, Palmeiras, Red Bull Bragantino, Santos, São Paulo e Vasco.
Diante desse cenário de divisão, existe a possibilidade real de nenhum time da LFF alcançar a cota máxima por desempenho estabelecida no regulamento da entidade. Ou, por exemplo, de uma equipe da Futebol Forte ser campeã e ficar com a maior fatia proposta no modelo, de 8,9%, enquanto o segundo melhor clube da liga levaria menos da metade desse índice (isso em um cenário pouco provável, mas estatisticamente possível, em que todos os outros oito times da LFF terminassem na parte de baixo da tabela da Série A).
Apelo comercial
O mesmo problema pode ser identificado na questão do apelo comercial, que leva em conta “a audiência média, ponderada pelo investimento de cada emissora de TV/serviço de streaming para definir um ranking de clubes”.
O ranking tem 20 posições, com o primeiro abocanhando 9,7% do total. A partir daí, os índices caem de 0,1% a 0,09%, até chegar ao clube com menor audiência, que receberá 0,3% das receitas para esse item.
O texto não deixou claro se, neste momento (quando os clubes das Séries A e B do Brasileirão estão cindidos em duas ligas distintas), o ranking levará em conta apenas os membros da LFF ou se considerará todo o conjunto de equipes do campeonato. Vale lembrar que, hoje, os sete times de maior torcida do país estão na Libra.
Procurada, a Liga Forte Futebol informou que o modelo foi concebido para uma liga com 40 clubes, que é o objetivo da entidade. Sobre as lacunas identificadas nos critérios de desempenho em campo e apelo comercial, a LFF alegou que ainda “não fez essa discussão”.
“Os princípios serão os mesmos: equilíbrio, critérios auditáveis e que incentivem comportamentos corretos, limite entre quem ganha mais e quem ganha menos (em qualquer cenário, mesmo na transição) de 3,5 vezes e divisão razoável de receitas entre as Séries A, B e C”, afirmou a LFF.