Primeiro do Brasil a ser conhecido como arena, o estádio do Athletico-PR foi também pioneiro em matéria de naming rights, que vigorou de 2005 a 2008. Desde então, o clube deixou de firmar qualquer parceria com essa finalidade, e as pessoas em geral seguiram chamando a casa da equipe rubro-negra apenas de Arena da Baixada.
Isso, no entanto, vai mudar. Na tarde desta quinta-feira (22), em entrevista coletiva realizada em Curitiba (PR), o Athletico-PR apresentou seu novo contrato de naming rights. O atual vice-campeão da Copa Libertadores terá como parceira a Ligga, empresa sediada no Paraná e que atua no ramo de tecnologia e telecomunicações.
A coletiva contou com as participações do diretor superintendente do Comitê Gestor do Athletico-PR, Aguinaldo Coelho de Farias, e do CEO da Ligga, Adeodato Volpi Netto, que responderam perguntas de jornalistas. Nas falas de ambos, o acordo foi apresentado como “um negócio inovador e sem precedentes na América Latina”.
Eles também fizeram menções ao presidente do Athletico-PR, Mário Celso Petraglia, afastado das funções por problemas de saúde, e ao empresário Nelson Tanure, principal acionista da Ligga (ex-Copel Telecom), tratados como responsáveis pelo avanço das negociações que culminaram no acordo.
Na prática, Farias e Volpi Netto evitaram detalhar valores. Eles confirmaram que o prazo de duração da parceria será, inicialmente, de 15 anos. Na imprensa, circula a informação de que as cifras girariam em torno de R$ 200 milhões, noticiada em primeira mão pelo site “UmDois Esportes”, o que colocaria o contrato entre os três mais valiosos de naming rights do Brasil, ficando atrás apenas dos obtidos por Corinthians e Palmeiras, com Neo Química Arena e Allianz Parque, respectivamente.
Farias e Volpi Netto trataram os números como especulação.
“A questão de comparar valores é algo especulativo, até porque não conheço detalhes dos contratos dos outros clubes, que são regidos por cláusulas de confidencialidade. O que posso afirmar é que o Athletico-PR está muito satisfeito com o que irá receber”, disse o dirigente esportivo.
Tecnologia
De acordo com Volpi Netto, a tecnologia deve ser um dos pontos altos da parceria de naming rights na Ligga Arena. O empresário afirmou que a empresa buscará investir em conectividade de modo a garantir melhores transmissões a partir do estádio e também melhorar as experiências para os torcedores.
Ele reconheceu, porém, que o caminho pode ser um tanto longo, até que todos os usuários possam desfrutar de um serviço de wi-fi de alta velocidade em um jogo com casa lotada. A arena tem capacidade para cerca de 40 mil pessoas.
“Recentemente, ao lado de meu filho, assisti, em Miami, à final da NBA. Havia em torno de 25 mil pessoas no ginásio. Em muitos momentos, o sinal da AT&T falhou. Cito este exemplo para demonstrar que não se trata de uma equação simples, pois envolve externalidades que ainda não dominamos”, explicou.
Em todo caso, o executivo afirmou que a Ligga e Athletico-PR já teriam iniciado uma “força-tarefa” para fortalecer a conectividade para os torcedores. Inicialmente, o reforço de sinal ocorreria em pontos considerados estratégicos, como as lanchonetes do estádio.
Aprendendo com o passado
Na entrevista, Farias recordou da experiência pioneira de naming rights do Athletico-PR, firmada em 2005 com a japonesa Kyocera Mita e que vigorou até 2008. Segundo o dirigente, um dos motivos da parceria não haver avançado nem sido substituída é que o projeto inicial da arena, inaugurada em 1999, foi pensado para servir como eventual sede para a Copa do Mundo de 2006 (que acabou indo para a Alemanha).
“Aquele projeto, que quebrou paradigmas, foi desenvolvido de acordo com o manual da Fifa para a Copa do Mundo, que, infelizmente, acabou não vindo para o Brasil”, afirmou Farias.
Diante desse cenário e da perspectiva de que a vinda do Mundial para o país ocorreria apenas na década seguinte, o clube chegou a trabalhar com um cenário de demolição quase completa da primeira arena, para dar lugar a um complexo esportivo mais moderno.
Mas este não foi o único fator que influenciou na ausência de novas empreitadas do Athletico-PR no campo dos naming rights. A resistência dos veículos de comunicação, especialmente emissoras de TV que transmitem as competições, em citar os nomes das empresas que investem na aquisição desse tipo de patrocínio também pesou na decisão.
“Nenhum investidor quer colocar dinheiro em um contrato, para depois não ser divulgado na mídia”, ponderou Farias.
Ele reconheceu que, em tempos recentes, os veículos passaram a adotar uma nova postura, no sentido de dar espaço para as marcas que detêm naming rights.
Volpi Netto, por sua vez, disse acreditar que o fortalecimento da Ligga Arena, como marca, será parte de um processo de criação de relacionamento com a torcida.
“Isso passa pelo orgulho do torcedor em se reconhecer nela e chamá-la de Ligga Arena”, resumiu.