Liverpool e governo britânico pedem investigação sobre caos na final da Champions League

O Liverpool pediu uma investigação formal sobre o que chamou de “tratamento inaceitável” dado a torcedores do time do lado de fora do Stade de France, em Paris, onde foi realizada a final da temporada 2021/2022 da Champions League no último sábado (28). Dentro de campo, os ingleses foram derrotados pelo Real Madrid por 1 a 0.

A partida, que estava marcada para as 16h (horário de Brasília), começou com quase 45 minutos de atraso devido a problemas na entrada de torcedores do Liverpool no estádio. Vídeos que circularam nas redes sociais mostraram a polícia francesa usando spray de pimenta e gás lacrimogêneo enquanto torcedores tentavam escanear seus ingressos nas catracas do Stade de France. Alguns torcedores chegaram a ficar muitas horas na fila e entraram atrasados para assistir à decisão.  

Em um comunicado oficial, o Liverpool disse estar “extremamente desapontado” com os problemas e a quebra do perímetro de segurança que os torcedores do time enfrentaram no estádio. “Este é o maior jogo do futebol europeu, e os torcedores não deveriam ter que vivenciar as cenas que testemunhamos. Solicitamos oficialmente uma investigação formal sobre as causas desses problemas inaceitáveis”, afirmou o clube.

Em sua defesa, a UEFA revelou que, antes do jogo, as catracas para fãs do Liverpool foram bloqueadas por “milhares de torcedores que compraram ingressos falsos e que não funcionaram”. A entidade disse que isso criou um acúmulo de torcedores tentando entrar, o que levou ao adiamento do pontapé inicial da partida.

A declaração foi corroborada pelo ministro do interior francês, Gérald Darmanin, que afirmou que “milhares de torcedores britânicos sem ingressos ou com ingressos falsificados forçaram a entrada e chegaram a agredir os comissários”. Segundo o político, “70% dos ingressos apresentados na entrada eram falsos. Contrariando as alegações e falsos rumores, das 29 detenções nas imediações do Stade de France, metade foram britânicas, incluindo 9 por invasão de propriedade“.

Em sua resposta, a UEFA ainda destacou ser “simpática” com os torcedores afetados pelos problemas e disse ainda que revisará o assunto e os procedimentos tomados com a polícia e as autoridades francesas, bem como com a Federação Francesa de Futebol (FFF).

Para se ter uma ideia da proporção do ocorrido, a situação saiu da esfera do futebol. A secretária de cultura do Reino Unido, Nadine Dorries, também pediu à UEFA que conduza uma investigação formal sobre as cenas que marcaram a final.

“As imagens e relatos dos torcedores do Liverpool e da mídia em sua entrada no Stade de France são profundamente preocupantes. Milhares de portadores de ingressos viajaram para Paris em boa hora para apoiar sua equipe na maior partida da temporada. Peço à UEFA que inicie uma investigação formal sobre o que deu errado e o porquê, em coordenação com a equipe do estádio, a polícia francesa, a Federação Francesa de Futebol, a polícia de Merseyside [onde fica a cidade de Liverpool] e o Liverpool”, pediu a secretária.

Em declarações à agência de notícias Associated Press (AP), Ronan Evain, diretor executivo do grupo Football Supporters Europe, disse que o “estigma de violência” que existe em torno dos torcedores ingleses está sendo usado pelas autoridades públicas francesas para “ganhos políticos baratos”.

“Sempre houve problemas de mobilidade no Stade de France. Estamos consternados com a comunicação das autoridades públicas francesas. Os torcedores do Liverpool e do Real Madrid são vítimas de um fiasco e não são os culpados aqui. Usar gás lacrimogêneo em pessoas tentando entrar no estádio é insano”, criticou Evain.

Vale lembrar que, entre outros grandes eventos, o Stade de France sediou a final da Copa do Mundo de 1998, a final da Euro 2016 e deverá sediar a final da Copa do Mundo de Rúgbi de 2023, além de receber disputas dos Jogos Olímpicos de 2024.

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