Desde meados do ano passado, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) vem sofrendo com a saída de patrocinadores de seu portfólio de parceiros comerciais. Nos últimos meses, quatro empresas deixaram de apoiar o futebol: Gol Linhas Aéreas, Mastercard, Pague Menos e TCL.
Várias hipóteses foram levantadas para a perda dessas marcas, como a má fase da seleção brasileira, problemas de gestão e uma crise de imagem, cujo último capítulo foi uma reportagem da revista Piauí contando bastidores do dia a dia da entidade.
Mastercard
A primeira a deixar a entidade foi a Mastercard, ainda em junho de 2024. A operadora de cartões, que patrocinava a CBF desde 2012, queria renovar o compromisso. No entanto, segundo a Máquina do Esporte apurou, a proposta era de patrocinar apenas a seleção brasileira feminina, em um novo projeto da empresa.
A ideia era ativar a equipe, aproveitando o fato de o Brasil ser a sede da próxima edição da Copa do Mundo Feminina da Fifa, em 2027. A patrocinadora também avaliava que o time feminino vinha em um rumo melhor do que a equipe masculina.
De fato, pouco mais de um mês depois, o Brasil, sob o comando do técnico Arthur Elias, voltou ao pódio olímpico, conquistando a medalha de prata nos Jogos de Paris 2024. Na final, a equipe perdeu por 1 a 0 para os Estados Unidos.
A redução dos ativos, porém, implicaria em um investimento menor por parte da Mastercard no contrato com a CBF. Por conta da redução no valor, não houve acordo com a confederação, que recusou bloquear um segmento importante da lista de patrocínios com um contrato por valor reduzido.
Gol
A segunda empresa a finalizar o acordo de patrocínio foi a Gol Linhas Aéreas. A empresa havia se tornado apoiadora da CBF em maio de 2013, depois do encerramento do vínculo anterior da entidade, com a então TAM (hoje Latam).
A decisão de romper com o vínculo atual, que iria até 2026, partiu da própria Gol. Em outubro, houve a rescisão contratual. A empresa aérea atravessa um período de imensas dificuldades financeiras. Em 2024, entrou com um pedido de recuperação judicial na Justiça dos Estados Unidos.
No terceiro trimestre de 2023, a dívida da Gol já chegava a R$ 20 bilhões. Para fazer frente a esse montante, havia apenas R$ 1 bilhão em caixa, o que colocava a empresa em um patamar perigoso, mesmo sendo a segunda maior companhia aérea do Brasil.
Em março, a Gol fechou um acordo para receber US$ 1,25 bilhão de financiamento para equacionar as dívidas. Esse montante também ajudará a cobrir custos de reestruturação e auxiliará no operacional do dia a dia da empresa. Com tantos problemas financeiros, a Gol se viu impossibilitada de manter o investimento na CBF.
TCL
Dois contratos foram finalizados no final do ano. Tanto TCL como Pague Menos optaram por não renovar, diante dos valores pedidos pela CBF, que buscou valorizar seus ativos no próximo ciclo, aproveitando justamente o fato de o Brasil sediar a próxima Copa do Mundo Feminina.
A marca de equipamentos audiovisuais e eletrodomésticos, por outro lado, se voltou a outros tipos de ativos esportivos. Em fevereiro, a multinacional chinesa anunciou patrocínio ao Comitê Olímpico Internacional (COI) e ao Comitê Paralímpico Internacional (IPC, na sigla em inglês), em contrato até 2032.
O investimento em um compromisso de longo prazo com os Jogos de Verão e de Inverno justificam a opção em deixar o patrocínio ao futebol brasileiro e o direcionamento dos esforços na conexão com o esporte olímpico e paralímpico.
Pague Menos
Por fim, a Pague Menos, parceira da CBF desde 2021, de acordo com apuração da Máquina do Esporte, já tinha deixado claro à direção da entidade que não tinha intenção de renovar o vínculo. O pedido da confederação para inflar o valor do novo compromisso nem foi um fator que pesou na decisão.
A rede de farmácias era uma das empresas que estavam havia menos tempo na lista de apoiadores do futebol brasileiro. O contrato se encerrou no final de 2024, e, sem surpresa para a diretoria da CBF, a empresa decidiu não renovar.