Manchester City violou regras de Fair Play Financeiro da UEFA, diz revista

O Manchester City violou as regras do Fair Play Financeiro (FPF) da UEFA, incluindo dar vantagens financeiras a jogadores menores de idade, inflar excessivamente contratos de patrocínio e efetuar pagamentos ilegais a Roberto Mancini, ex-treinador do clube. A denúncia foi feita pela revista alemã Der Spiegel em matéria conjunta com a European Investigative Collaborations (EIC), rede transnacional de jornalismo investigativo. Uma investigação da Premier League estaria em curso.

A acusação de inflar artificialmente o valor dos contratos de patrocínio serviria para que o clube apresentasse maior arrecadação, atendendo os requisitos do FPF. Segundo a reportagem, os patrocinadores não pagaram todo o valor declarado de patrocínio, sendo o restante quitado pelo dono do Manchester City, o sheik Mansour bin Zayed Al Nahyan, membro da família real de Abu Dhabi.

O inflacionamento do valor do patrocínio foi uma das acusações que fizeram com que o time inglês fosse punido pela UEFA dentro das regras do FPF, mas a Corte Arbitral do Esporte (CAS) revogou a punição alegando que não havia “evidências conclusivas” de que o clube disfarçasse o financiamento como sendo patrocínio. A CAS, porém, afirmou à época que o Manchester City mostrou “desrespeito flagrante” à investigação da UEFA sobre possíveis violações das regras.

A investigação da Premier League parece ter encontrado a prova que a UEFA não conseguiu descobrir anteriormente, de que o Manchester City rasgou o regulamento. O clube sempre sustentou que todas as suas operações financeiras aconteceram dentro das regras do FPF.

A denúncia acontece logo após a UEFA anunciar uma reforma nas regras do Fair Play Financeiro, que limitam gastos com salários, transferências e taxas pagas a empresários de atletas a 70% das receitas obtidas pelos clubes. Se aprovado, o projeto começará a ser implantado em 2023, quando os clubes poderão desembolsar 90% do faturamento com esses gastos, reduzindo para 80% em 2024 e 70% no ano seguinte.

Não é a primeira vez que o Manchester City está sob investigação. Em dezembro de 2018, a Premier League já havia examinado as contas do time do norte da Inglaterra. Em 2021, a equipe tentou proibir que a liga investigasse suas finanças, mas o pedido foi rejeitado pelo Tribunal de Apelação da Inglaterra e País de Gales.

“Esta é uma investigação que começou em dezembro de 2018. É surpreendente, e uma questão de interesse público legítimo, que tão pouco progresso tenha sido feito após dois anos e meio, durante os quais note-se que o clube foi duas vezes coroado campeão da Premier League”, afirmou o juiz Stephen Males, à época.

Nem sempre, no entanto, o City sofreu derrotas nos tribunais. Em julho de 2020, a equipe ganhou o direito de derrubar uma punição imposta pela UEFA por desrespeitar o Fair Play Financeiro. À ocasião, o time estava impedido de contratar jogadores por dois anos, mas a CAS revogou a pena imposta pela federação europeia.

Este foi o julgamento mais importante sobre supostas violações graves do FPF desde que a UEFA estabeleceu essas regras, há dez anos. Além de derrubar a suspensão de contratar atletas, a CAS também diminuiu a multa imposta pela UEFA ao clube de € 30 milhões para € 10 milhões.

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