Nesta quarta-feira (28), é celebrado mundialmente o Dia do Orgulho LGBTQIA+, data que faz alusão às rebeliões de Stonewall, ocorridas em Nova York (EUA), em 1969, e que representam marcos na luta pelos direitos de populações, ainda hoje, reprimidas devido à orientação sexual ou de gênero.
Universo marcado historicamente pela cultura homofóbica e machista, o futebol brasileiro tem procurado, nos últimos tempos, adotar um discurso oficial de respeito à diversidade e aos direitos da população LGBTQIA+.
Um levantamento feito pela Máquina do Esporte no decorrer desta quarta-feira (28) constatou que, das 20 equipes que disputam a Série A do Brasileirão, 18 fizeram ações relacionadas ao Dia do Orgulho LGBTQIA+. Porém, a imensa maioria optou apenas por manifestações protocolares, com posts no feed ou nos stories das principais redes sociais como Instagram, Facebook e Twitter.
Este foi o caminho escolhido por América-MG, Atlético-MG, Athletico-PR, Coritiba, Corinthians, Cruzeiro, Flamengo, Fluminense, Fortaleza, Internacional, Palmeiras, Red Bull Bragantino, Santos e São Paulo.
Todos estes clubes optaram por imagens (ou vídeo curto, no caso do Cruzeiro), condenando a homofobia e reafirmando o respeito às pessoas LGBTQIA+. No caso do Atlético-MG, a postagem utilizou uma foto aérea da Arena MRV (ainda não inaugurada com um jogo oficial), com uma bandeira do arco-íris cobrindo o gramado.
Entre os grandes da Série A, o Vasco já havia realizado uma ação na última segunda-feira (26), utilizando bandeirinhas de escanteio alusivas ao Orgulho LGBTQIA+ na partida contra o Cuiabá, pelo Brasileirão.
Na noite desta quarta-feira (28), o time carioca também anunciou o lançamento de uma camisa em homenagem à causa LGBTQIA+, com tons do arco-íris ocupando a tradicional faixa transversal do uniforme. O modelo é produzido pela Kappa, e o lucro do clube com as vendas será destinado à Casa Nem, no Rio de Janeiro (RJ), uma das primeiras entidades do país voltadas ao acolhimento de transexuais, travestis e transgêneros.
Raras exceções
No Dia do Orgulho LGBTQIA+, apenas outros três clubes da Série A apostaram em ações que extrapolaram o universo das redes e envolveram pessoas do “mundo real”. O Grêmio realizou uma iniciativa registrada em um vídeo postado nas redes para homenagear a Coligay, uma das primeiras torcidas organizadas do país a ser composta por pessoas que se assumiam publicamente como homossexuais.
Ela funcionou de 1977 a 1983, coincidindo com uma das épocas mais vitoriosas da história do clube, que chegou a conquistar Campeonato Brasileiro, Copa Libertadores e Mundial Interclubes. Nas décadas seguintes, a torcida sofreu processo de apagamento por conta do preconceito, até que, a partir dos anos 2010, o Grêmio e os demais torcedores passaram a resgatar o histórico da Coligay. O vídeo contou com a participação de Volmar Santos, fundador da torcida.
O Botafogo optou por destacar profissionais de seu quadro de funcionários que se identificam como LGBTQIA+. Eles comentaram sobre suas trajetórias no clube de futebol.
Dos times da Série A, porém, o que realizou ações mais incisivas voltadas à data foi o Bahia. A Esquadrão, marca própria da equipe, anunciou a retomada das vendas das camisas da Torcida LGBTricolor, a partir do mês de julho.
A loja da marca e o Centro de Atendimento ao Sócio (CAS), localizados na Arena Fonte Nova, amanheceram iluminados com as cores da causa LGBTQIA+ nesta quarta-feira (28). A Esquadrão marcou presença também na Feira de Empregabilidade Trans na Universidade Federal da Bahia (UFBA), com estande, cobertura audiovisual e infraestrutura de internet em parceria com a ITS.
Não mencionaram a data
Dos grandes clubes da Série A, os dois situados no Centro-Oeste optaram por não divulgar conteúdos relacionados ao Dia do Orgulho LGBTQIA+. O Goiás preferiu focar na preparação do time para o confronto com o Santa Fé, da Colômbia, pela fase de grupos da Copa Sul-Americana.
O Cuiabá, outro representante da região na primeira divisão do Brasileirão, também centrou suas publicações nos temas relacionados ao futebol, sem qualquer menção à questão LGBTQIA+.