No retorno à Globo, Libertadores tem menos patrocinadores, mas mira faturamento maior

Principal competição de clubes de futebol do continente, a Copa Libertadores entrará em sua fase de grupos. O sorteio das chaves será realizado nesta segunda-feira (27), a partir das 21h (horário de Brasília). O Brasil, principal mercado do torneio (já que conta com cerca de metade da população da América do Sul), terá sete representantes na disputa pela taça: Flamengo, Palmeiras, Athletico-PR, Internacional, Corinthians, Fluminense e Atlético-MG. Poderiam ser oito, caso o Fortaleza não tivesse sido eliminado pelo Cerro Porteño, do Paraguai, na pré-Libertadores.

Uma edição que reúne alguns dos clubes de maior torcida do Brasil (e que são fortes nos dois principais mercados do país, São Paulo e Rio de Janeiro) acaba por se converter em uma espécie de filé mignon para a Globo, que retomou o contrato de exclusividade do torneio. As últimas três temporadas foram transmitidas pelo SBT.

A expectativa é que a troca de canal resulte em um aumento da audiência e, consequentemente, maior exposição dos patrocinadores, tanto os da Copa Libertadores quanto os da própria emissora.

Para se ter uma ideia do que essa mudança pode representar, podemos comparar os índices alcançados pelo SBT com a Libertadores ao desempenho da Globo transmitindo competições nacionais. A final do torneio da Conmebol em 2022, entre Flamengo e Athletico-PR, por exemplo, rendeu uma média de 28 pontos de audiência no Rio de Janeiro ao canal de Silvio Santos. Em São Paulo, foram 16,4 pontos.

Em contrapartida, a transmissão da final da Copa do Brasil 2022, entre Flamengo e Corinthians, garantiu 34,8 pontos de média à Globo, com picos de 40,8 em São Paulo e de 46 no Rio de Janeiro. No ano passado, segundo a Kantar Ibope Media, cada ponto de audiência equivalia a 205.755 indivíduos na capital paulista e a 124.692 espectadores na capital fluminense.

Patrocinadores da Globo

A Globo, que, desde o ano passado, abriu mão das transmissões dos Estaduais (e, neste ano, dos amistosos da seleção brasileira), está focada no Campeonato Brasileiro, na Copa do Brasil e na Libertadores.

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O pacote de anunciantes da emissora carioca para as competições do futebol brasileiro neste ano conta com oito marcas, quantidade considerada recorde. São elas: Nivea, Fiat, Amazon, Ambev, Betnacional, Hypera Pharma, Itaú e Vivo.

No caso da Copa Libertadores, porém, o pacote de patrocinadores é separado e conta com cinco marcas: Esportes da Sorte, Claro, Shopee, Santander e Chevrolet.

Patrocinadores da Libertadores

O retorno da Globo à transmissão da principal competição continental de clubes é parte de um movimento da Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol), que busca valorizar seu principal produto, após o baque ocasionado pela pandemia de Covid-19.

Se hoje os direitos de transmissão da Copa Libertadores são considerados um ativo e tanto para as estratégias comerciais da Globo, em 2020, ano em que explodiu a pandemia, eles representavam uma verdadeira dor de cabeça.

Com as competições paralisadas e anunciantes experimentando perdas cada vez maiores de receitas (e, consequentemente, deixando de investir em patrocínios), a manutenção dos direitos tornou-se inviável para a emissora, que optou por abrir mão deles.

Com a volta da Libertadores à Globo, a Conmebol resolveu ir com tudo para cima do mercado em busca de valores mais vantajosos para seus contratos. O número de patrocinadores e parceiros é menor do que em anos anteriores, o que não significa, porém, que a entidade esteja faturando menos.

No ano passado, os patrocinadores da competição foram Qatar Airways, Amstel, Mastercard, Ford, EA Sports, Gatorade, Santander, Rexona, Bridgestone, Betfair, Nike e DHL.

Em 2023, a quantidade caiu para dez, sendo sete patrocinadores (Amstel, Mastercard, EA Sports, Coca-Cola, Crypto.com, SportingBet e TCL) e três parceiros (Absolut Sports, Powerade e Nike).

Desfalques

Há dois desfalques importantes que podem ser observados na atual lista de patrocinadores da Copa Libertadores, Qatar Airways e Ford, que não renovaram contrato com a Conmebol. Ambas não tiveram substitutos para este ano.

No primeiro caso, o fato chama a atenção, já que o setor aéreo projeta recuperação e retomada dos lucros para 2023, depois da crise ocasionada pela pandemia no biênio 2020/2021. Ainda assim, vale observar que, de acordo com analistas, a América Latina deve liderar as perdas das companhias do setor neste ano, com prejuízos estimados em US$ 800 milhões.

A indústria automobilística é outra que não vive seus melhores dias na América do Sul, especialmente no Brasil. Recentemente, o setor apresentou seu pior desempenho para o mês de fevereiro em sete anos, com recuo de 2,9% na produção de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus, em comparação ao mesmo período de 2022. Os dados são da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).

Para a própria Ford, que, em 2020, substituiu a Toyota como patrocinadora da Copa Libertadores, o mercado sul-americano tornou-se uma incógnita. Vale lembrar que, em 2021, a empresa decidiu encerrar sua produção de veículos no Brasil, com o fechamento das fábricas em Camaçari (BA) e Taubaté (SP), assim como a da Troller, em Horizonte (CE).

Retorno e novidade

Entre as novidades trazidas pela edição 2023 da Copa Libertadores, uma representa o retorno a uma escolha que já deu certo, enquanto a outra pode ser considerada uma iniciativa inédita.

Depois das experiências frustrantes nas finais de 2022 da Copa Sul-Americana, em Córdoba, na Argentina, e da Libertadores, em Guayaquil, no Equador (ambas tiveram procura por ingressos bem abaixo do que era esperado), a Conmebol já anunciou que a final de sua principal competição voltará a ser realizada no Estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro (RJ).

É sempre bom lembrar que as últimas quatro Libertadores foram vencidas por clubes brasileiros, os quais, pelos níveis de investimentos realizados, entram no torneio como francos favoritos. Em apenas uma dessas edições um time de outro país conseguiu chegar à final (o River Plate, da Argentina, em 2019). Portanto, a aposta da Conmebol para este ano visa garantir casa cheia na grande decisão.

A outra novidade é a parceria da Conmebol com a Panini para o lançamento do primeiro álbum de figurinhas da história da Copa Libertadores, que contará com oito páginas e 560 cromos colecionáveis, sendo 70 deles especiais. O livro ilustrado estará disponível para venda a partir do dia 26 de junho no Brasil e em outros dez países da América Latina.

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