Número de jogos investigados por Operação Penalidade Máxima já iguala Máfia do Apito

O promotor Fernando Cesconetto, coordenador da operação - Reprodução/YouTube MPdeGoias

A Operação Penalidade Máxima, que investiga possíveis manipulações de jogos de campeonatos estaduais e da Série A do Brasileirão já levantou 11 partidas com incidentes suspeitos. Além do Campeonato Brasileiro, estão sendo investigados duelos do Campeonato Paulista, Gaúcho, Goiano e Mato-Grossense deste ano.

O número de jogos que fazem parte da investigação já iguala as 11 partidas que foram anuladas pela CBF no Brasileirão de 2005 por causa do escândalo da Máfia do Apito. Na ocasião, os 11 jogos que haviam sido apitados pelo árbitro Edilson Pereira de Carvalho, diretamente envolvido no escândalo, foram anulados e disputados novamente.

Jogos manipulados

Segundo o Ministério Público de Goiás (MPGO) através do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e da Coordenadoria de Segurança Institucional e Inteligência (CSI), os 11 jogos com incidentes suspeitos foram os seguintes:

Campeonato Brasileiro

10/9/2022 – Palmeiras 2×1 Juventude (tentativa de cooptar um atleta do Juventude a levar cartão amarelo)

5/11/2022 – Santos 1×1 Avaí (tentativa de cooptar atleta do Santos a levar cartão amarelo)

5/11/2022 – Red Bull Bragantino 1×4 América-MG (tentativa de cooptar atleta do Bragantino a levar cartão amarelo)

5/11/2022 – Goiás 1×0 Juventude (tentativa de cooptar dois atletas do Juventude a levarem cartão amarelo)

6/11/2022 – Cuiabá 1×1 Palmeiras (tentativa de cooptar um atleta do Cuiabá a levar cartão amarelo)

10/11/2022 – Botafogo 3×0 Santos (tentativa de cooptar um atleta dos Santos a levar cartão vermelho)

Campeonato Paulista

8/2/2023 – Guarani 2×1 Portuguesa (tentativa de cooptação para atleta ser punido com cartão amarelo)

Campeonato Goiano

12/2/2023 – Goiás 2×0 Goiânia (aliciamento para que o Goiânia tivesse derrota parcial ao final do primeiro tempo, que de fato terminou 2 a 0)

Campeonato Gaúcho

11/2/2023 – Esportivo 0x0 Novo Hamburgo (cooptação para atleta do Novo Hamburgo cometer pênalti; de fato houve pênalti para o Esportivo, que desperdiçou a cobrança)

12/2/2023 – Caxias 3×1 São Luiz (cooptação para atleta do São Luiz cometer pênalti; de fato houve pênalti a favor do Caxias durante o jogo)

Campeonato Mato-Grossense

11/2/2023 – Luverdense 0x2 Operário de Várzea Grande (tentativa de cooptação para garantir determinado número de escanteios durante o jogo)

Granadas e armas apreendidas na segunda fase da Operação Penalidade Máxima – Divulgação

Números

A nova fase da operação, deflagrada nesta terça-feira (18) cumpriu três mandados de prisão e 20 mandados de busca e apreensão em 16 cidades de seis estado: Bragança Paulista, Guarulhos, Presidente Venceslau, Santana de Parnaíba, Santo André, Santos, São Paulo e Taubaté (SP); Rio de Janeiro (RJ); Recife (PE); Erechim, Pelotas e Santa Maria (RS); Chapecó e Tubarão (SC); e Goianira (GO).

Durante a operação, os policiais também apreenderam celulares, armas, munições e até granadas nos endereços dos investigados.

“Os alvos da operação foram jogadores e outros investigados que atuam na cooptação de atletas e intermediação de contatos entre apostadores e jogadores”, afirmou Fernando Cesconetto coordenador da operação e promotor do MPGO.

Os nomes dos indivíduos que foram detidos não foram divulgados. Todos são de São Paulo e faziam parte do esquema de aliciamento de atletas. Nenhum jogador foi preso.

Futebol

Entre os atletas que foram alvo de mandado de busca e apreensão nesta terça-feira o mais conhecido é o zagueiro Victor Ramos, ex-Palmeiras, Vasco e Vitória, que atualmente joga na Chapecoense. A equipe de Chapecó emitiu uma nota oficial em defesa de seu jogador, mas sem nomeá-lo.

“A respeito da ‘Operação Penalidade Máxima’ e do cumprimento do mandado relacionado à ela em Chapecó – envolvendo um jogador do clube – a agremiação alviverde reforça o seu apoio e, principalmente, a confiança na integridade profissional do atleta”, afirmou o time catarinense, que disputa a Série B do Brasileirão.

“Por fim, tendo em vista as investigações, o clube destaca o seu compromisso em colaborar totalmente com as autoridades e oferecer todo o suporte e informações necessárias na apuração e esclarecimento do caso”, acrescentou.

O Santos, um dos clubes que tem jogadores que podem ter sido cooptados pela quadrilha especializada em manipulação de jogos, divulgou nota oficial sobre o tema.

“Reiteramos confiança total em nossos atletas, prezamos pela ética e pela moral do Clube e não concordaremos com atitudes totalmente antidesportivas”, afirmou o time paulista.

“Até o momento, o Santos não foi procurado pelas autoridades, mas se coloca previamente à disposição para colaborar com as investigações, certo de que a Justiça será feita. O Santos acompanhará o caso e aguardará as conclusões para se pronunciar a respeito, caso seja necessário”, acrescentou o clube.

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